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Artigo da Semana: A Arte Sacra e sua Espiritualidade
Por Jornalismo
Publicado em 06/11/2025 15:08
Notícias da Diocese

Pe. Geraldo Trindade Furlaneto
Assessor da Comissão de Arquitetura, Engenharia e Arte Sacra

 

 

A arte sacra é um assunto que não é muito comentado nem discutido nos vários segmentos da Igreja. Quase ninguém fala dela, mas ela está presente na maioria das nossas igrejas: na arquitetura, nos paramentos litúrgicos, nas vestimentas e acessórios, na ornamentação, nos vitrais, nos desenhos de passagens bíblicas e, principalmente, nas imagens dos santos — seja em forma de esculturas, seja em pinturas nas paredes.

A arte sacra representa uma forma de manifestação artística intimamente relacionada com a religiosidade e o sagrado. Atualmente, podemos encontrar museus com obras de arte sacra em todas as partes do mundo. No Brasil, a arte sacra foi uma das primeiras manifestações culturais no período colonial, sendo Aleijadinho um dos nomes mais importantes no contexto do barroco mineiro.

Para nós, católicos, a arte sacra é aquela arte religiosa que tem um destino litúrgico, ou seja, é feita para fomentar a vida litúrgica dos fiéis. Ela não deve apenas inspirar um sentimento religioso genérico, mas conduzir o fiel à atitude espiritual própria da liturgia — o culto divino.

Embora os conceitos de arte religiosa e arte sacra sejam próximos, há diferenças entre eles. A arte religiosa reúne obras de temática religiosa, como esculturas de santos e pinturas de passagens bíblicas, geralmente localizadas fora dos espaços de culto. Já a arte sacra está diretamente ligada aos rituais religiosos e tem a função de adornar os locais onde ocorrem as celebrações, despertando nos fiéis sensações de fé e espiritualidade dentro do chamado espaço litúrgico.

A arte sacra é, portanto, aquela que leva o fiel à oração e à vivência espiritual, sempre que se depara com a obra criada pelo artista sacro.

Em resumo, ambas possuem temática religiosa e buscam embelezar os espaços, mas a arte sacra é produzida especificamente para integrar os cultos divinos ou rituais litúrgicos. Assim, podemos dizer que toda arte sacra é religiosa, mas nem toda arte religiosa é sacra.

Um exemplo é o afresco A Última Ceia (1495–1497), de Leonardo da Vinci, localizado na Igreja e Convento de Santa Maria das Graças, em Milão. Por estar inserido em um espaço sagrado, ele é considerado uma obra de arte sacra.

A arte sacra deve servir à liturgia e respeitar seus fins específicos, mantendo-se fiel às exigências da arte em si, mas sempre expressando e favorecendo o sentido espiritual da celebração. Por isso, o artista precisa estar profundamente envolvido com a religiosidade e com a liturgia; caso contrário, não conseguirá produzir uma verdadeira obra de arte sacra.

Além disso, a arte sacra deve ser compreensível e educativa, servindo de ensinamento — uma verdadeira “teologia em imagens”. Ela deve representar as verdades da fé cristã com fidelidade ao dogma e com sentimentos autênticos de piedade.

Como resposta a essa necessidade, a Igreja propõe a criação de Comissões Diocesanas de Arte Sacra, ampliadas posteriormente para incluir também os Bens Culturais da Igreja. No que diz respeito à arte sacra, o objetivo é auxiliar as comunidades na análise de projetos de construção, reforma, restauração, ampliação ou adaptação de igrejas e seus anexos, garantindo unidade, coerência e fidelidade às normas litúrgicas.

Esses projetos devem ser elaborados por profissionais habilitados, preferencialmente com formação na área de concepção do espaço litúrgico.

A Comissão de Arte Sacra deve ser composta por liturgistas e profissionais das áreas de arquitetura, engenharia e arte, com especialização em arte sacra e espaço litúrgico. Quando necessário, também devem participar representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) ou de órgãos estaduais.

Em nossa diocese, essa comissão existe desde 2013 e é formada por engenheiros, arquitetos e artistas de diversos setores, sendo acompanhada por um padre assessor — no caso, eu, Pe. Geraldo Trindade Furlaneto, desde a sua fundação.

 

Três Fronteiras (SP), 4 de novembro de 2025.

 

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