Uma reunião foi realizada na manhã desta sexta-feira, dia 19, na sede do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Jales (Consirj). Participaram prefeitos e representantes de 12 municípios que fazem parte do consórcio. Não estiveram presentes representantes de Jales, Pontalinda, Mesópolis e Palmeira d’Oeste. Este último município justificou a ausência devido aos trabalhos intensos que ainda seguem por conta dos estragos causados pelas chuvas.
Segundo a diretoria do consórcio, a principal pauta da reunião foi a situação da UPA – Unidade de Pronto Atendimento de Jales. Pacientes têm reclamado da demora no atendimento. Em alguns casos, há relatos de espera de cerca de cinco horas para serem atendidos.
De acordo com o Consirj, um dos motivos da demora é a priorização de casos de urgência e emergência pelos médicos. Isso estaria ocorrendo porque os profissionais estão com salários atrasados. O pagamento deveria ter sido feito na segunda-feira, dia 15, mas até esta sexta-feira, dia 19, ainda não havia sido depositado.
A diretoria do Consirj informou que o atraso no pagamento dos médicos ocorre por falta de repasses da Prefeitura de Jales ao consórcio. Ainda segundo o Consirj, a dívida do município com o consórcio chega a R$ 3 milhões e 200 mil.
Mudança de serviços para Urânia
Durante a reunião, o Consirj também informou que o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) e o Centro de Especialidades e Diagnóstico passarão a funcionar no município de Urânia. A mudança ocorre depois que a Prefeitura de Jales anunciou o descredenciamento de alguns serviços prestados pelo consórcio e solicitou a devolução dos imóveis onde esses atendimentos eram realizados, já que os imóveis eram cedidos pelo município ao Consirj.
Posicionamento da Prefeitura de Jales
Procurada pela reportagem do Jornal do Povo, a Prefeitura de Jales se manifestou por meio de nota.
"NOTA DE ESCLARECIMENTO – PREFEITURA DE JALES
O município de Jales informa que o Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Jales – CONSIRJ, formado por diversos municípios da região, encontra-se sob gestão de nova diretoria desde janeiro de 2025. Desde então, têm sido constatados problemas administrativos e de gestão que impactam diretamente o funcionamento do consórcio e, consequentemente, o atendimento à população.
Atualmente, o município discute judicialmente os índices utilizados para cálculo dos valores dos repasses ao CONSIRJ. Estudos técnicos demonstram que o volume de serviços de saúde efetivamente utilizados pela população de Jales é inferior ao valor repassado ao consórcio, o que pode representar pagamento acima do devido. A ação judicial visa corrigir essa distorção e garantir que os recursos públicos municipais sejam utilizados com equilíbrio e responsabilidade, podendo inclusive resultar em compensação financeira futura em favor do município.
Essa questão ganhou relevância ainda maior após recentes tentativas do CONSIRJ de bloquear verbas públicas de Jales. Em duas oportunidades – uma em primeira instância e outra em segunda – o pedido foi rejeitado pela Justiça, que reconheceu a inexistência de qualquer conduta dolosa ou negligente por parte da administração municipal. A decisão confirma a legitimidade da discussão jurídica e a boa-fé do município na defesa do interesse público e da saúde dos jalesenses.
Diante dos fatos, o município lamenta que a atual diretoria do CONSIRJ não tenha demonstrado capacidade técnica e administrativa suficiente para conduzir o consórcio de maneira eficaz, assegurando um atendimento público de saúde adequado à população de Jales e de toda a região."