Segunda-Feira, 15 de Outubro de 2018 às 23:58

Novo Plano Diretor traz pontos que podem barrar investimentos em Jales

Avanços e exigências do Plano podem afastar investidores, bem como dificultar a manutenção de lotes e estabelecimentos comerciais na cidade.

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Será realizada na noite desta segunda-feira, 15 de outubro, no Plenário “Pres. Tancredo Neves”, da Câmara Municipal de Jales, uma audiência pública para discutir o Projeto de Lei Complementar 13/2018 que Aprova a Política Municipal de Desenvolvimento, o Sistema de Planejamento Urbano e o Plano Diretor de Desenvolvimento do Município. Serão colocadas em discussão ainda outras ferramentas importantes de organização municipal, que podem gerar impactos futuros, como por exemplo, o Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, assim como o Código de Obras e Edificações,o Código Sanitário e o Código de Posturas.

O Plano Diretor de Desenvolvimento é o instrumento básico da Política de Desenvolvimento Urbano do Município, determinante para todos os agentes públicos e privados que atuam em seu território. Pontos que estão em discussão geram polêmica entre setores da sociedade, pois podem barrar novos investimentos no município de Jales, encarecendo empreendimentos e dificultando o trabalho de empresários e investidores.

De acordo com informações obtidas pela reportagem do Jornal do Povo da Rádio Assunção FM, grande parte das ações do novo Plano Diretor irá aumentar espaços e necessidades, causando impedimentos á novos recursos da iniciativa privada direcionados para ações em terras Jalesenses.

O empresário Antônio Cruz, conhecido como Toninho Cruz, conversou com a reportagem destacando a necessidade de encontrar um meio termo para as discussões do plano, principalmente no que se refere a trazer novos investimentos para o município de forma organizada para que problemas não sejam enfrentados no futuro. Toninho por exemplo citou a existência de avenidas em Jales, que começam e terminam sem um sentido e função definidas, dificultando a mobilidade urbana.  

Divergências são encontradas e devem pautar grande parte das discussões referentes ao parcelamento de solo em Jales. Atualmente a Lei Federal/6.766 adotada pela Prefeitura institui como referência cinco metros de frente e 125 metros quadros para um lote mínimo, com a nova lei do Plano Diretor passarão a serem 8 metros de frente e 200 metros quadrados para o desmembramento. Os principais lotes em Jales no centro da cidade e no bairro Santo Expedito, que faziam parte do centro, são encontrados com 14 metros de frente. Os novos loteamentos feitos na cidade como os bairros Jardim Estados Unidos, Jardim Euphly Jalles e Jardim Pêgolo, são todos 12 metros de frente, o que inviabilizaria parcelamentos futuros com a lei em discussão.

Segundo engenheiros ouvidos pela reportagem o recomendável para uma residência confortável são seis metros de frente, sendo que um lote novo em Jales de 12 metros possibilita isso. Com as novas especificações do Plano ficariam inviabilizados qualquer tipo de desmembramento em Jales, tendo em vista que os lotes atuais não contam com esta medida.

Outro impasse gerado com a discussão do Plano está na criação do Imposto Progressivo, o cálculo para isto não é de fácil entendimento, no texto cita o dobro e mais 15% do valor, não sendo claro no formato desta cobrança.  Atualmente um lote vago já paga uma alíquota diferente no município de Jales. Um lote com uma casa construída tem um imposto menor, com uma diferença que varia de 20 á 30%. O novo imposto começaria a ser pago depois de dois anos de aquisição do terreno. Supondo que a compra de um terreno seja financiado e que cidadão conquiste a possibilidade de pagar em dez anos, possivelmente existirá um período para pagar o terreno, depois juntar o dinheiro para fazer a casa, este terreno vai ficar vazio e pode ser incidido no Imposto Progressivo.

Em dois anos os proprietários dos oito mil lotes vagos em Jales terão que arcar com um novo e grande imposto. Esse processo pode criar uma movimentação de venda ou compra, contudo pode afastar os investidores interessados em comprar lotes em Jales, bem como não atingir o objetivo da Prefeitura que sejam construídas habitações rapidamente.  

Outra novidade apresentada que pode ser negativa é o impacto de vizinhança, uma espécie de um estudo para a instalação de um empreendimento em uma determinada região da cidade. Em São José do Rio Preto isso existe, contudo o zoneamento da cidade é proposto de forma diferente de Jales, que já conta com tal regulamentação que específica os locais em categorias, como residencial, comercial e industrial.

A responsabilidade da realização do Impacto de Vizinhança é do proprietário e trata-se de uma pesquisa, a Prefeitura irá dimensionar uma área onde deve ocorrer uma pesquisa junto aos moradores se eles concordam com a instalação. Um dos casos mais recentes foi o Supermercado Bom Retiro, próximo ao Comboio Municipal, que inicialmente gerou muitas dúvidas entre a população, que acreditava que um tumulto poderia ser gerado na região, com o funcionamento provou-se o contrário, valorizando a área da cidade. O processo de estudo pode barrar a autonomia do empresário que não vai poder investir.

A modificação na largura das ruas de Jales proposta em votação junto com o Plano pode gerar um aumento valor do metro quadrado dos futuros loteamentos da cidade. Jales conta com oito mil lotes sem construções no momento atual, com uma necessidade de venda e demanda em aproximadamente 4.500 lotes. Com a aprovação das novas regras a população enfrentará dificuldades pelo custo do lote para se enquadrar em programas governamentais, como o Minha Casa, Minha Vida, as pessoas de baixa e média renda vão enfrentar dificuldades em conquistar a casa própria.  

A modificação proposta altera as ruas locais de 12 para 17 metros de largura, as coletoras de 14 vão para 22 metros e as avenidas passariam a ser de 26 para 33 metros, um notável aumento no custo do investimento, com um maior volume de asfalto e iluminação. No futuro quando a responsabilidade de recapear for da Prefeitura será um custo ainda mais alto, de acordo com as dificuldades que já são enfrentadas hoje.  

Caso as modificações não sejam amplamente discutidas podem inviabilizar em grande volume os novos investimentos na cidade. Jales corre o risco de parar novamente no tempo. 

Mais informações de Jales e Região você confere em www.radioassuncao.com.br

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