É possível
ter esperanças em tempos desesperançosos? A resposta encontramos na glória de
Nosso Senhor Jesus Cristo: Sua plena Ressurreição. E Ele mesmo nos mostra que
todo o mal pode ser destruído por meio das atitudes de fé, esperança e
caridade. Prova disso temos pela perseguição que o próprio Filho de Deus foi
submetido ao passar quarenta dias no deserto sendo perseguido e tentado, além
de ter sido preso, retirado sua dignidade, crucificado e morto. Mas a Sua
ressurreição garante-nos vida. Afinal: Ele veio “para que todos tenham vida
e a tenham plenamente” (Cf. Jo 10, 10). Afirma o Papa Francisco: “Jesus
sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Prova os nossos piores estados de
ânimo: o falimento, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de
Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e,
assim, as redime e transforma. O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades,
chega até onde mais nos envergonhamos.”
Cabe-nos
questionar ainda: este amor causa destruição? Muito pelo contrário, pois apesar
de ter ferido o Salvador, este mesmo amor O fez vencer a Cruz e por meio dela O
glorificar. É neste mesmo amor com que devemos confiar e seguir. Um amor capaz
de provocar mudanças e, sobretudo, combater as provações.
Neste tempo
sombrio em que vivenciamos com a Pandemia da COVID-19, muitos são os desafios
ainda a vencermos, sobretudo o desafio do amor. Ora: sem essa atitude, não
agimos como cristãos e deixamos de exercer o nosso ministério que é ser
discípulo do Cristo. Ser discípulo, portanto, exercita a nossa capacidade do
cuidado com o outro e de promover sempre a vida, de ir ao encontro do mais
frágil e oferecer a ele a nossa colaboração e a salvação ofertada por Deus e
conduzida pelo Espírito Santo. É ele que “está
sobre mim, me consagrou pela unção para evangelizar os pobres, enviou-me para
proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para
restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano da graça do
Senhor...” (Lc 4, 18-19).
E por que
ainda somos tão medrosos ou desencorajados? Diante de uma praça vazia, debaixo
da suave chuva, em meio a feroz Pandemia, tocou-lhe Deus o coração de nosso
Pontífice no dia 27 de março de 2020 em sua homilia no dia de oração com a
bênção Urbi et Orbi, que nos exortou: “Nesta tarde, Senhor, a tua
Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que
nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na
nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela
pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a
guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso
planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos
sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado,
imploramos-Te: «Acorda, Senhor!”
Já não
estamos mais sozinhos: Cristo venceu a morte e ressuscitado está. Com Ele,
ressuscite também as nossas esperanças para podermos dia após dia confiar que a
tempestade vai acalmar. Por isso, supliquemos ao Senhor: acalma minha
tempestade, acalma o meu coração, devolve a paz que vem de Ti, Senhor. Aumenta
minha fé em Ti, não me deixa fraquejar jamais. Ao som da Tua voz tudo vai
calar, só preciso esperar: a tempestade vai acalmar.