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Editorial da Semana

Editorial da Semana - Diocese de Jales

Quinta-Feira, 30 de Agosto de 2018 às 20:55

NOVO ENSINO MÉDIO: UMA BREVE REFLEXÃO

Pe. Eduardo Alves de Lima

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A educação exige os maiores cuidados,

porque influi sobre toda a vida.

Sêneca

 Este ensaio não se propõe a esgotar o assunto nem se aprofundar em todos os tópicos polêmicos da discussão sobre o “novo ensino médio”. O interesse aqui é fomentar a reflexão sobre um tema que nos é tão caro, enquanto cidadãos brasileiros, responsáveis pelo desenvolvimento de nosso país.

A reforma, um conjunto de novas diretrizes para o ensino médio, implementada via Medida Provisória – instrumento legislativo herdado da ditadura militar, sancionada pelo presidente Michel Temer no dia 16 de fevereiro de 2017, já nasce submetida a muitas críticas. Não ocorreu um debate envolvendo os atores sociais desse processo, desconsiderama opinião dos estudantes e suas entidades representativas, dos professores, que mais do que qualquer um, sabem o que se passa nas salas de aula Brasil adentro, ou a contribuição de pesquisadores que debatem a necessidade de mudanças no ensino médio como uma forma de enfrentar a evasão escolar e construir uma educação que dialogue com a realidade dos alunos.

Há uma generalizada desinformação sobre a reforma do Ensino Médio, que passará a ser aplicada a partir de 2021.  Brevemente, trata-se da flexibilização do conteúdo que será ensinado aos alunos, que muda a distribuição das 13 disciplinas tradicionais para 5 itinerários formativos, dá novo peso ao ensino técnico e incentiva a ampliação de escolas de tempo integral. A justificativa é que os jovens deixem a escola com maior aptidão para o mundo do trabalho, porém não há consenso entre os especialistas.

Não se cria uma flexibilidade no Ensino Médio apresentando aos alunos, aos 16 anos de idade, cinco possibilidades: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico profissionalizante de nível médio.Educadores questionam se há maturidade do aluno para realizar essa escolha.

Alguns pontos importantes para contribuir com esta reflexão:

As disciplinas obrigatórias - apenas se mostram obrigatórias como componentes curriculares, a língua portuguesa e a matemática.

A carga horáriadeve ser ampliada progressivamente das atuais 800 para 1,4 mil horas anuais. Como escolas sucateadas, professores mal pagos, desestimulados, alunos desinteressados, um tal aumento de horas de permanência do aluno na escola iria ajuda-lo ou contribuir com o seu aprendizado? Fazer com que o aluno permaneça na escola por sete horas, exige que esta tenha uma mínima estrutura para recebe-lo, um bom refeitório com uma boa alimentação, quadras poliesportivas, salas com laboratórios para os cursos técnicos, entre outras coisas. Quem vai arcar com esta despesa? Como estas mudanças serão planejadas, projetadas e implementadas? Não há estimativa de quanto os Estados gastariam com a ampliação dos turnos para integral e segundo associações, a adoção do turno integral elevaria mensalidades nas escolas particulares.

Os professores e os profissionais de notório saber: profissionais com "notório saber", reconhecidos pelo sistema de ensino, possam dar aulas exclusivamente para cursos de formação técnica e profissional, desde que os cursos estejam ligados às áreas de atuação deles.

O conteúdo atual dessa reforma além de não apresentar melhorias para os problemas já existentes aumentará ainda mais as desigualdades e diminuirão as possibilidades dos estudantes brasileiros, principalmente os de escola pública, engrandecendo a dicotomia na educação de ricos e pobres.

Ouça a entrevista

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