Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo, ensinava Mahatma
Gandhi (1896-1948), líder do movimento pela independência da Índia, praticante
do ensinamento de Jesus sobre “dar a outra face”(cf. Lc 6,29), ou seja, não
recorrer à violência ou pisar nos outros para conseguir seus objetivos.
Assim, podemos entender que culpar outras pessoas pelos nossos
problemas é um grande desperdício de tempo. Quando fazemos isso não aprendemos
nada, não crescemos e não amadurecemos. Dessa forma não melhoramos o que queremos.
Diante os sofrimentos enfrentados na vida, basicamente, existem dois pontos fundamentais que nós podemos
tomar: Alguns não assumem suas responsabilidades, outros se perguntam o que
podem fazer de diferente para mudar o que desejam.
O filme “História de um Casamento”, de 2019, mostra a história de um
casal à beira da separação. Ambos estão infelizes, machucados e zangados. De um
lado, o marido lembra das coisas falhas de sua mulher. De outro lado, a esposa
descreve todas as vezes que seu marido a desapontou e os motivos pelos quais
ela não pode mais viver com ele. Cada um possui uma longa lista de mudanças
necessárias para o outro. Suas perspectivas para a reconciliação são
improváveis, até que eles aprendem e assumem que o outro não é o problema.
Essa história mostra que, mais do que mudar outras pessoas, devemos
nos mudar a nós mesmos. Isso é difícil e requer
humildade, coragem e empenho. Embora pareça mais fácil e gratificante para nossos desejos egoístas,
culpar os outros, devemos reconhecer as
carências que temos.
Todos nós temos a chance de tornar nossas vidas melhores. Talvez
devamos nos perguntar se aproveitamos as boas oportunidades, se estamos de fato
dando atenção ao que nos está sendo dito, se estamos falando o que precisa ser
dito com sinceridade e respeito, se estamos fazendo o nosso melhor no trabalho
ou na escola, ou seja, se estamos “colocando a nossa casa em ordem”, pois é
nela que começa a recuperação dos valores que servem ao bem de todos.
Por isso é importante desenvolvermos o autoconhecimento e pararmos de
fazer aquilo que corrói nossos relacionamentos, bem como prestarmos atenção se
estamos adiando a resolução de nossos
problemas. Devemos desenvolver sempre um diálogo com a nossa própria consciência
e perceber o que estamos fazendo de errado, para corrigir imediatamente.
Ao invés de criarmos problemas a nós mesmos, às nossas famílias e à
sociedade, podemos ser uma força positiva, de confiança e termos a sabedoria
para encarar a vida com seus desafios, nos tornando lúcidos o suficiente para
compreender que Deus não nos dá o que queremos, mas sempre o que precisamos. Um exemplo disso
é a multidão que buscava Jesus pelo pão multiplicado, mas aprende dele o valor
da partilha. Quando se partilha há abundância para todos (cf. Mc 6,34-44).
Portanto, o melhor jeito de mudarmos o mundo é começarmos com pequenas
mudanças cotidianas em nós mesmos e nossos relacionamentos e tornando-nos sempre mais solidários.