Nos últimos quatro
anos, algumas Organizações da Sociedade Civil (OSCs) do município de Jales,
diante da crise econômica e dos poucos recursos recebidos dos órgãos públicos
municipal, estadual e federal, até pensaram em fechar as portas. Na Lei de
Diretrizes Orçamentárias, o município dedica à Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social e Cidadania 3,42% (R$ 5.945.240,00) para este ano. Nas
últimas três Conferências Municipais da Assistência Social, os participantes
indicaram a urgência de que o Orçamento Municipal fosse dez por cento para essa
Secretaria. No entanto, diminuiu em vez de aumentar gradativamente.
As OSCs de Jales, nesses anos passados, têm recebido verbas
muito abaixo de suas demandas. Por isso, suas diretorias planejaram eventos
diversos em vista de cumprir suas obrigações. Dessa forma, os comerciantes e
cidadãos receberam frequentemente as visitas das OSCs que lhes ofereciam
carnês, almoços, pizzas, ao ponto de a comunidade se sentir incomodada com
tantas promoções. Neste ano, há expectativa de que as verbas municipais para as
OSCs sejam maiores. Ainda aguardam o duodécimo aprovado pela Câmara Municipal
em dezembro de 2019. Da verba estadual, deve ser celebrado o Termo aditivo. Da
esfera federal, nenhum sinal, a não ser que algum deputado destine uma emenda
parlamentar.
Estamos de eleições em eleições confiando na escolha de
pessoas que façam uma gestão que atenda às necessidades da classe trabalhadora,
corrigindo as estruturas de corrupção, melhorando o atendimento da saúde,
investindo na moradia popular, apoiando propostas de geração de emprego,
oferecendo serviços socioeducativos e serviços de convivência e fortalecimento
de vínculos em função de diminuir o sofrimento das famílias pobres. Esperamos
lideranças que venham lutar por essas causas.
Essa realidade social pode ser iluminada pelo livro bíblico
de Jó, capítulo 7, o qual apresenta a sua oração, marcada por angústia e
desespero, percebendo que ninguém vive apenas de alegrias e satisfações,
constatando que o mal não vem de Deus e que a luta é inerente à existência
humana. Jó tem consciência de que Deus se faz ternura, socorro e lhe devolve a
esperança. A dor dos que sofrem como Jó aguarda por uma resposta de acolhida
solidária. Neste tempo de pandemia, cresceu a consciência de que a vida é tão
curta, por isso convém ater-se no que é essencial. O Mestre Jesus nos ensina o
amor que é solidariedade, serviço. A propósito, na liturgia deste domingo,
Jesus realiza a cura da sogra de Pedro, a qual compreende o sentido da vida, a
missão de colocar-se a serviço dos outros (Mc 1,29-39).
A Igreja, nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora,
documento 102, nº 68, diz que há "urgência na formação e apoio aos
cristãos leigos e leigas para que atuem nos movimentos sociais, conselhos de
políticas públicas, associações de moradores, sindicatos, partidos políticos e
outras entidades, sempre iluminados pelo Ensino Social da Igreja". O Papa
Francisco afirma que a "política é uma sublime vocação, é uma das formas
mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum" (EG,n.205). O Papa
convida cada cristão, suas Comunidades e políticos a serem instrumentos de Deus
a serviço da libertação dos sofrimentos dos pobres. A Igreja exorta que todos
se coloquem a lutar por uma humanidade liberta das dominações, opressões e
privilégios, comprometidos com as causas das famílias pobres, solidários com as
entidades sociais e apoiando pela destinação das verbas justas e necessárias.