A população brasileira precisará se empenhar ainda mais para
enfrentar a pandemia de notícias falsas, as fake
news, como são chamadas as divulgações deste tipo de conteúdo, amplamente
presentes nas redes sociais. Ao longo deste período de combate ao Coronavírus
sobraram exemplos de receitas que ofereciam curas milagrosas, debates sobre
vacinas e conceitos médicos que, na prática, foram verdadeiros atentados à
vida.
Diariamente, milhares de informações são compartilhadas
rapidamente nas redes sociais de forma automatizada, distorcendo a realidade e
atendendo a objetivos comerciais e políticos. As notícias falsas são distribuídas
de forma aleatória em aplicativos e plataformas por pessoas que contribuem
inconscientemente para consolidação desses interesses.
Qual o custo de uma fake
news? O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), já
alertava em 2019 para os impactos das notícias falsas na saúde, quando a
vacinação contra o sarampo no Brasil apresentava queda histórica nos índices de
imunização. Atualmente, pacientes morrem nas filas em busca de internação em
unidades intensivas e os impactos do negacionismo e aglomerações poderão ser
ainda maiores. As notícias falsas
precisam ser combatidas de forma emergencial em todas as instâncias da
sociedade.
Em janeiro deste ano, o Vaticano divulgou a mensagem do Papa
Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais. No texto aos comunicadores e jornalistas, o
Papa aborda diversos temas presentes na atualidade e faz um convite para
gastarem sola de sapato. A mesma missão deve ser assumida por toda a sociedade
para a construção de um sólido diálogo.
O Papa encoraja-nos: “se não nos abrimos ao encontro,
permanecemos espectadores externos, apesar das inovações tecnológicas com a
capacidade que têm de nos apresentar uma realidade engrandecida onde nos parece
estar imersos. Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver
coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede
conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de
contrário não teriam lugar”.
Já no título da mensagem “Vem e verás (Jo 1,46), comunicar
encontrando as pessoas onde estão e como são”, fica evidente o desejo do Papa
para que conheçamos na prática todos os aspectos da vida humana, caminhar ao
encontro das pessoas e acima de tudo saber o que mais precisam para que possam
viver dignamente. A partir desse, processo será possível iniciar a construção
de uma comunicação mais humana, abordando as temáticas que a aflige.
A velocidade com que as informações são veiculadas, também
chama atenção do Papa Francisco. Com as necessidades do mundo digital, nem
sempre o encontro e o diálogo acontecem, mas agora, a responsabilidade passa a
ser de todos os que fazem parte dessas conexões e são testemunhas da realidade.
“Graças à rede, temos a possibilidade de contar o que vemos, o que acontece
diante dos nossos olhos, de partilhar testemunhos.”
A prática da comunicação fortalece a democracia, multiplica
boas ações e divulga a história. Que o nosso testemunho nas redes seja de
compaixão e empatia! Que possamos combater a pandemia de notícias falsas em
todos os seus aspectos, contribuindo para tornarmos mais sensíveis ao próximo. Por
isso, o compromisso lançado por Francisco aos profissionais de comunicação:
“Todos estamos chamados a ser testemunhas da verdade: a ir, ver e partilhar.”