No mundo, o número de pessoas que vivem fora de seu país ultrapassa os 244 milhões. O Brasil conta com apenas 1% deste contingente em relação à sua população. A história do Brasil está permeada de grandes fluxos de imigrantes, como os italianos, japoneses no final do século IXX, e recentemente, movimentos menores de imigrantes como os Haitianos, Angolanos e Venezuelanos. Atualmente, na região centro-oeste de São Paulo, estão mais significativamente presentes os Maranhenses e Piauienses que trabalham como sazonais e na construção civil.
Em algumas cidades do noroeste paulista, os migrantes sentem certa dificuldade de integração na comunidade religiosa e na sociedade. Eles experimentam a xenofobia que torna sua vida ainda mais difícil e desafiante.
Migrar é um direito humano pouco respeitado. A história do povo de Deus é uma história de migração. O pai da fé, Abraão, migrou várias vezes até chegar à terra prometida. Deus ama o migrante: “Não afligirás nem envergonharás o migrante” (Ex 22,20). O Novo Testamento também incentiva o bom acolhimento da pessoa que vive ou está fora de seu habitat natural. Jesus valoriza a fé dos que não pertencem ao seu povo: “Mulher, que fé tão grande tens” (Mt 15,28). “Nem sequer em Israel encontrei fé semelhante” (Lc 7,9).
Como se não bastasse, Jesus se identifica com o migrante a tal ponto que o torna critério de salvação: “Vinde, bendito de meu Pai, pois Eu era migrante e vós me acolhestes” (Mt 25,35). A fé se torna fecunda quando se transforma em atos de solidariedade para com os mais vulneráveis.
Daquele que crê, espera-se mais do que oração e piedade. É necessário interiorizar o que disse São Tiago em sua carta: “Mostra-me tua fé sem obras, e eu te mostrarei pelas obras a minha fé” (Tg 2,18). Os migrantes e refugiados são pessoas, em sua maioria, proativos. Estão dispostos ao trabalho, por mais duro que este seja, para dar melhores condições de vida à sua família. Como disse o Papa Francisco, a Igreja é chamada a acolher, proteger, promover e integrar os migrantes e refugiados, pois o próprio Jesus se identifica com eles.
Portanto, mãos à obra. Do mesmo modo que desejamos ser acolhidos, acolhamos aqueles que chegam trazendo a novidade de uma cultura diferente que enriquece a nossa com seus valores. Os migrantes ajudam a alargar a tenda interior daqueles que amam!
Fernandópolis, 21 de junho de 2018.