Uma
das maiores experiências da vida é estar num espaço aberto, um sítio, uma
chácara ou fazenda, uma mata, um bosque onde a correria, o barulho dos centros
urbanos nos acelera e faz correr como formigas sem destino, fechar os olhos e
escutar a mãe terra. Talvez muitos nunca tenham experimentado isso ou até achar
isso sem importância pois está acostumado com outro ritmo.
Fazer
isso pelo menos uma vez nos faz ter consciência de que fazemos parte de um todo
que não depende de nós. Ao longe pode ser que ouça um riacho calmamente se
encaminhando para um rio maior. Pássaros cantando, o vento nas copas das árvores,
um barulho de algum animal que ali possa estar de passagem ou até mesmo um boi,
um cavalo, um cachorro, galinhas. Todos com os seus afazeres e comportamentos
que não dependem diretamente de nós para continuar suas vidas. Só vão depender
se por acaso interferirmos no seu ritmo e muitas vezes de maneira equivocada e
destrutiva.
Ter
consciência de que fazemos parte de um todo pode mudar a nossa ideia ecológica.
Dependemos de cada ser e cada organismo natural para sobreviver. Daí começar a
entender a vida a partir de uma integralidade maior. A isso chama-se comumente
de “ecologia integral”. O homem perceber-se que está interligado a tudo que
está a sua volta. Codependente de relações profundas que garantem vida plena.
Como codependente, o homem se sente responsável por tudo que faz e quais as
consequências dos seus atos. É importante que ele se sinta assim.
A
ecologia integral tem quatro dimensões que se interagem na vida humana:
ambiental, econômica/social, cultural e da vida quotidiana. Tudo isso se
interliga em nossa vida como uma teia de aranha onde no centro está a própria
vida humana. Lembre-se de uma coisa importante: a vida na terra não vai acabar,
talvez a vida humana, mas a vida em si, enquanto tiver o mínimo de condições
irá sempre se renovar e se desenvolver.
É
horrível perceber que o homem, o ser mais inteligente não consegue enxergar a
sua importância no meio de tudo que existe.
Sempre fomos desbravadores, acostumamos dominar, interferir,
transformar, conquistar de maneira muito agressiva e mesmo que isso tenha
garantido de certa forma a vida humana até aqui, é preciso que nossa
consciência se modifique. A existência de um futuro para nós aqui nesta “casa
comum” depende necessariamente de uma visão mais global e integradora.
Vimos
como tão superficial se trataram os problemas ambientais nos últimos dias, a
maneira utilitarista e sem diálogo que expuseram a fragilidade ainda existente
em nosso país em discutir agendas tão atuais. É preciso reconhecer e aprender
com o passado para que se tenha um futuro, não querer usar o passado para
confrontar de maneira violenta a realidade de hoje. Nossa casa, a casa humana
precisa de um novo jeito de ser gestada. Não podemos ficar para trás de novo. O
Brasil só vai demonstrar sua grandeza ao mundo quando enxergar sua importância
ambiental para a sustentação da “casa comum”.