“Saí a caminhar em um bosque. Em um
dado momento me deparei com dois caminhos. Perguntei-me qual escolher? Escolhi
o menos trilhado. Isso fez toda a diferença”. Esse trecho do poema “Caminho
Percorrido”, do poeta Inglês, Robert Frost, ilustra os 60 anos que a Diocese de
Jales percorreu desde sua criação, no dia 12 de dezembro de 1959, e sua instalação,
no dia 15 de agosto de 1960. Qual tipo de Igreja a Diocese escolheu ser, qual é
seu perfil atual e como se projeta? Qual diferença fez, faz e pretende fazer?
Essas questões têm orientado o estudo
que a Diocese tem feito sobre sua história, desde a abertura de seu Ano Jubilar,
na Romaria Diocesana de 2019. O caminho escolhido pela Diocese, que “fez toda a
diferença” nela mesma e no contexto social, foi delineado sobretudo pelo
Concílio Ecumênico Vaticano II, de 1962 a 1965; pelas Conferências Gerais do
Episcopado Latino-americano e Caribenho, de 1968, 1979, 1992 e 2007; e pelas
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, da CNBB.
Entretanto, a Diocese fez escolhas
pastorais originais, como a Romaria Diocesana, realizada anualmente, desde
1985, no dia de Nossa Senhora da Assunção, sua padroeira. Este ano, por primeira
vez, a Romaria ocorrerá em outra data, por causa da pandemia. Ela será no dia
22 de novembro, nas condições que forem possíveis, mesmo que seja em carreata.
O Ano Jubilar da Diocese se estenderá até essa data, na qual a Igreja celebra Cristo
Rei, conjugando-se bem com o lema jubilar: “Crescendo em direção a Cristo” (Ef
4,15).
Essa data da Romaria, que combina a
culminância dos Anos Jubilar e Litúrgico, se torna mais ainda significativa,
por ser o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas. Estes, são protagonistas
da missão evangelizadora da Igreja em todos os ambientes da sociedade. Nesses
ambientes, a Igreja se organiza e atua na forma de Comunidades Eclesiais
Missionárias, inspiradas no estilo de vida das primeiras comunidades cristãs: a
multidão de fiéis era um só coração; tudo era posto em comum; ninguém passava
necessidade (cf. At 4,32-34).
Esse estilo de Igreja que a Diocese sempre
valorizou e buscou implementar, continua “fazendo diferença”. Somos Igreja de
comunidades. Compreendemos que católico de verdade não é avulso, desvinculado da
vida comunitária e de sua ação social. Frequentar celebrações e praticar
devoções, também não lhe são suficientes, afinal oração e ação em favor do bem
comum se conjugam. Qual diferença faz, então, a Romaria Diocesana que mobiliza
uma multidão? O que ela significa para a vida da Igreja e a sociedade locais?
A Romaria é mais que um evento; é um
processo que articula todos os organismos da Igreja Diocesana de forma orante e
reflexiva, em torno de um tema que orienta nossa ação evangelizadora, a exemplo
dos clamores do povo que sofre novas escravidões (2017), da missão dos cristãos
leigos e leigas na sociedade (2018), da leitura orante da Bíblia (2019) e de
nossa configuração sempre mais plena a Jesus Cristo (2020); inspirados em
Maria, imagem da Igreja, novo Povo de Deus e da nova humanidade.
Nosso destino é a plenitude de vida, dom de Deus e responsabilidade de todos. Defender a vida é nossa missão. Por meio da Romaria identificamo-nos muito mais como caminhantes nessa direção; aprendemos a força de nossa união. Enquanto grande parte da sociedade escolhe o caminho do individualismo e da competição, a Diocese de Jales escolhe, desde seus primórdios, o caminho menos trilhado: promover justiça e solidariedade, construindo juntos, um só povo, num só Deus e um só pastor (cf. Jo 10,16).