“A vida ensinou-me que ninguém é consolado, sem que tenha primeiro consolado outros; que nada recebemos, sem que primeiro tenhamos dado.” GEORGES BERNANOS
A filósofa Simone
Weil escreveu que a sociedade tal qual ela a conhecia, estava dominada por um
vazio de consumo excessivo, desigualdade social e produção acelerada. Razões
que eliminariam a possibilidade do conectar das pessoas, impedindo-as de se
enraizarem na participação comunitária, retirando do homem a possibilidade do
vínculo. A pensadora francesa que viveu em uma época marcada pelas duas Grandes
Guerras, encontrou caminho pessoal convivendo no trabalho, com as lutas, esperanças
e dores de operários em situações precárias. Simone é exemplo de compromisso
com os marginalizados, uma vida dedicada à busca pela justiça. Esse intenso
sentimento de solidariedade a conduziram às portas da fé cristã, um caminho
para a união com Deus.
Na intenção de
animar e estimular a vivência da cultura da solidariedade, considerando a
importância do outro, Papa Francisco na conclusão do ano da Misericórdia em
2016, instituiu o dia Mundial dos Pobres. A pedido do Papa, comunidades
organizam uma semana de ações solidárias – a Semana da Solidariedade. A CNBB –
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil incumbiu a Cáritas Brasileira de
responsabilizar-se pelos eventos simultâneos que acontecem durante o mês de
novembro: a Semana da Solidariedade e a Jornada Mundial dos Pobres.
Nossa sociedade
está submetida à constantes acontecimentos de ordem natural que nos impõe uma
importante reflexão. Tempos difíceis despontaram com a chegada da pandemia da
COVID-19, causando surpresa e deixando toda a população mundial em crise.
Porém, há a realidade que desafia todo nosso mundo, a pobreza e a
marginalização. Trata-se de uma questão sócio-política e ética (justiça
social), mas também e mais profundamente, uma questão espiritual, envolvendo
nosso relacionamento com Deus. É a centralidade dos pobres na Igreja.
A pobreza é a
característica mais determinada, flagrante e escandalosa de nossa sociedade. Em
primeiro lugar, pela escala e proporção: milhões de pessoas vivem em condições
subumanas e carecem das condições materiais básicas de sobrevivência. E não é
um fenômeno natural, não é o resultado de um acidente ou destino, mas o
resultado de escolhas políticas e econômicas, e o resultado natural da
acumulação de riquezas ou acumulação de bens. E esta é uma característica da
maioria das sociedades como a conhecemos.
Utilizando dado
estatístico para ilustrar uma situação chocante: 1% da população tem mais
riqueza do que os 99% restante! Mas pobreza e marginalização tem histórias e
rostos por trás dos números, como listados nas Conferências dos Bispos da
América Latina: camponeses, indígenas, negros, mulheres, população em situação
de rua, desempregados e subempregados, moradores de favelas e periferias,
vítimas do tráfico, mães desesperadas, jovens pobres e negros, migrantes,
população LGBT.
A Diocese de Jales
tem ações de apoio aos indivíduos mais vulneráveis e oportunamente vêm
fomentar, as relações de força do vínculo comunitário. Mobiliza solidariamente
suas paróquias, comunidades, grupos, pastorais, voluntários para o desenvolvimento
de atos concretos, para atender a demanda de cada local. Foram realizadas
atividades mobilizadoras para a Jornada Mundial dos Pobres de 08 a 15 de
novembro, como encontros, celebrações, entrevistas e lives.
A solidariedade é
um exercício de cidadania, de reconhecimento do outro e de fé cristã!