A Quaresma é o tempo de preparação para
a Páscoa. Tempo de escuta da Palavra de Deus, de conversão e de reconciliação
com Deus e com os irmãos, de uso mais frequente às “armas da penitência
cristã”: a oração, o jejum e a esmola (MT 6,1-6.16-18). Tempo privilegiado para
intensificar o caminho da própria conversão. Caminho que supõe cooperar com a
graça, para dar morte ao Homem velho que atua em nós e fazer reviver o Homem
novo cheio da bondade divina. Trata-se de romper com o pecado que habita em nossos
corações, nos afastar de tudo aquilo que nos separa do Plano de Deus, e por
conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.
É um tempo oportuno para meditar a
História da Salvação que o Deus Caridade realiza em favor da Humanidade criada à
sua Imagem e Semelhança, para sermos sinais da Caridade divina no mundo.
Devemos “nos converter” de uma vida egocêntrica, onde o ser humano vive
encerrado em sua mentira existencial, maioria das vezes imposta por uma
sociedade infectada pela ganância do “ter” a uma vida de comunhão com o Senhor,
o Caminho, a Verdade e a Vida, que nos leva ao Pai.
Precisamos “nos
converter” à visão do Deus vivo, verdadeiro e caridoso que se revelou
plenamente em seu único Filho, Cristo Jesus e em sua vitória Pascal: “Tanto amou Deus ao mundo que deu a seu
Filho único, para que tudo o que nele crer não pereça, mas sim tenha vida eterna”
(Jo 3,16).
É necessário destacar
nesse caminho de conversão a práticada verdadeira caridade.“Há maior felicidade em dar que em receber” (At
20,35).
A caridade é a fé em ação,
é amar o próximo como a si mesmo. Na Quaresma devemos ajudar ainda mais, pois,é
tempo propício para enxergar a necessidade do próximo, de quem mais precisa de
nós. É ajudar não só com o pão de cada dia, mas também leva-los a uma
consciência de luta por uma vida digna baseada na justiça e no direto.
O exercício da caridade
é levar o próximo a buscar seu lugar na sociedade, torna-lo protagonista de sua
própria história de vida.
Devemos ver na Quaresma a ocasião apropriada para fazer opções
decididas de altruísmo e generosidade, como medidas para combater o desmedido
apego ao dinheiro, e ao ter ganancioso. Este tempo propõe a prática eficaz da
caridade. O
egoísmo deve ser esquecido, afinal, em muitos momentos, ele nos impede de agir
em favor dos mais necessitados.
Devemos sair de nós mesmos para ir ao encontro
do outro. À semelhança de Deus realizar em favor de nós mesmo gestos que nos
humanizam e evidenciam a caridade. Não só no “dar”, mas ensinar cada ser humano
a “lutar” por vida digna e pelo seu lugar no mundo e na Sociedade. Na Práxis
Cristã, se não tiver caridade não sou nada. “Ainda que distribuísse todos os
meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, se não tiver caridade, de nada valeria” 1Cor.13,3