O Brasil se tornou, tragicamente, um dos protagonistas
mundiais na pandemia do novo Coronavírus, em números de contaminados e vítimas
fatais. Isso se deve sobretudo à irresponsabilidade de seus governantes e de
uma parcela da população que se concentrou em uma onda de discussões
partidárias em questões de saúde pública, deixando de agir de forma responsável
na proteção da vida.
Muitos se esquecem que, quando os números sobem, cresce a angústia
de famílias que têm seus entes queridos sepultados sem qualquer despedida ou
cerimônia, totalmente distante do carinho que é próprio de nosso povo. Atitudes
incoerentes e irresponsáveis geram, por fim o colapso do sistema de saúde já
debilitado, com recursos e investimentos congelados e insuficientes para
atender a real necessidade de usuários, colocando ainda em risco a vida dos profissionais
da saúde que estão na linha de frente.
Estamos vivendo, ao mesmo tempo, uma tempestade de Fake News. As notícias falsas contaminam
mais que o vírus e têm igual potencial devastador. Compartilhar uma informação
sem o conhecimento da fonte e verificar os fatos, nos torna parte dessa corrente
de desinformação que distorce a realidade e favorece conflitos.
Quando não assumimos nossa responsabilidade de conhecer como
é organizada e financiada a nossa rede pública de saúde, de informarmo-nos das
contas e da administração de nossos municípios, favorecemos o enfraquecimento dos
serviços de saúde, que se mostram ainda mais essências neste tempo de pandemia
e deixamos de assumir nosso compromisso com a vida.
Em uma carta
às monjas de Cássia, o Papa Francisco afirma: “não nos resignemos ao sofrimento
nem à morte, mas nos coloquemos em caminho para construir o futuro que Deus
quer realizar para todos os seus filhos”. Assumir esse compromisso é um desafio
urgente.
No filme “Dois Papas”, que ilustra situações reais e fictícias,
os atores que representam o Papa Bento XVI e o então cardeal argentino, Jorge
Mário Bergoglio, que se tornaria Papa Francisco, questionados sobre suas
posições e o futuro da Igreja comentam sobre mudança e compromisso.
Eles apontam questões sobre como podemos mudar ao longo da
vida e quais as formas de nos comprometermos. Hábitos, posturas, pensamentos e comportamentos, às
vezes precisam evoluir. Por isso, as mudanças, realmente, para serem reais implicam
compromisso.
As mudanças devem, também, ocorrer no comportamento daqueles
que assumem cargos públicos em função de assegurar saúde para todos. Elas
dependem diretamente de nossa atuação organizada. Adiadas ou não, teremos
eleições municipais. O comportamento dos eleitores decidirá os rumos dos
serviços básicos e essenciais.
As eleições ainda estão por vir, mas podemos nos comprometer
desde agora, defendendo políticas públicas que salvam vidas e que atendam às
reais necessidades da população. Participar ativamente, construindo diálogos e debate
de projetos nos aproxima ainda mais das mudanças que desejamos.
Se o caminho que percorremos no Brasil, até aqui, nos impõe
enormes desafios, fica evidente que precisamos mudar. A principal força de
transformação do povo brasileiro será o compromisso de cada um. São Francisco de Assis nos indica
como: “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível e, de
repente, você estará fazendo o impossível”.