O Papa presidiu a Missa na Capela da Casa Santa Marta, no
Vaticano, na manhã desta quinta-feira (16/04) da Oitava da Páscoa. Na
introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos farmacêuticos:
Nestes dias me reclamaram porque me esqueci de agradecer a
um grupo de pessoas que também trabalha… Agradeci aos médicos, enfermeiros,
voluntários… “Mas o senhor se esqueceu dos farmacêuticos”: também eles
trabalham muito para ajudar os doentes a sair da enfermidade. Rezemos também por
eles.
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho do dia (Lc
24,35-48) em que Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, assustados e cheios
de medo, porque pensavam que estavam vendo um fantasma, e lhes abre a
inteligência para entenderem as Escrituras. E pela alegria não conseguiam
acreditar. Ser repletos de alegria – ressaltou o Papa – é a experiência mais
alta da consolação. É a plenitude da presença do Senhor, é o fruto do Espírito
Santo, é uma graça. Citou a Exortação apostólica de Paulo VI “Evangelii
nuntiandi” que fala de evangelizadores alegres. A grande força que temos para
pregar o Evangelho, e seguir avante como testemunhas de vida, é a alegria do
Senhor, que é fruto do Espírito Santo. A seguir, o texto da homilia transcrita
pelo Vatican News:
Nestes dias, em Jerusalém, as pessoas tinham muitos
sentimentos: o medo, o espanto, a dúvida. “Naqueles dias, enquanto o coxo
curado não deixava mais Pedro e João, todo o povo, fora de si pelo espanto…”:
há um ambiente não tranquilo porque aconteciam coisas que não se entendia. O
Senhor apareceu a seus discípulos. Também eles já sabiam que tinha
ressuscitado, inclusive Pedro o sabia porque tinha falado com Ele naquela
manhã. Esses dois que tinham retornado de Emaús o sabiam, mas quando o Senhor
apareceu se assustaram. “Assustados e cheios de medo, pensando que estavam
vendo um fantasma”; a mesma experiência que tiveram no lago, quando Jesus veio
caminhando sobre as águas. Mas naquele tempo Pedro, tomando coragem, apostou no
Senhor, disse: “Se és tu, faze-me caminhar sobre as águas”. Este dia Pedro
estava calado, tinha falado com o Senhor, naquela manhã, e daquele diálogo
ninguém sabe o que foi dito entre eles e por isso estava calado. Mas estavam
cheio de medo, assustados, acreditavam ver um fantasma. E diz: “Por que estais
preocupados, e porque tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus
pés...”, mostra-lhes as chagas. Aquele tesouro de Jesus que Ele levou para o
Céu a fim de mostrá-lo ao Pai e interceder por nós. “Tocai em mim e vede! Um
fantasma não tem carne, nem ossos”.
E depois vem uma frase que me dá muita consolação e, por
isso, esta passagem do Evangelho é uma das minhas preferidas: “Mas eles não
podiam acreditar, porque estavam muito alegres”, ainda e estavam repletos de
surpresa, a alegria os impedia de acreditar. Era tamanha aquela alegria que
“não, isso não pode ser verdade. Essa alegria não é real, é demasiada alegria”.
E isso os impedia de acreditar. A alegria. Os momentos de grande alegria.
Estavam repletos de alegria, mas paralisados pela alegria. E a alegria é um dos
votos que Paulo faz aos seus de Roma: “Que o Deus da esperança vos torne
repletos de alegria”, lhes diz. Encher de alegria, ser repletos de alegria. É a
experiência da mais alta consolação, quando o Senhor nos faz entender que isso
é diferente do estar alegre, positivo, luminoso... Não, é outra coisa. Ser
alegre, mas repleto de alegria, uma alegria transbordante que verdadeiramente
nos invade. E por isso Paulo lhes deseja que “o Deus da esperança vos torne
repletos de alegria”, aos Romanos.
E aquela palavra, aquela expressão, encher de alegria é
repetida, muitas, muitas vezes. Por exemplo, quando se dá no cárcere e Pedro
salva a vida do carcereiro que estava para suicidar-se porque as portas se
abriram com o terremoto e depois lhe anuncia o Evangelho, o batiza, e o
carcereiro , diz a Bíblia, estava “repleto de alegria” por ter acreditado. O
mesmo acontece com o ministro da economia de Candace, quando Filipe o batizou,
desapareceu, ele seguiu seu caminho “repleto de alegria”. O mesmo acontece no
dia da Ascensão: os discípulos voltaram para Jerusalém, diz a Bíblia “cheios de
alegria”. É a plenitude da consolação, a plenitude da presença do Senhor.
Porque, como Paulo diz aos Gálatas, “a alegria é o fruto do Espírito Santo”,
não é a consequência de emoções que nascem por uma coisa maravilhosa... Não, é
mais que isso. Esta alegria, esta que nos toma é o fruto do Espírito Santo. Sem
o Espírito não se pode ter esta alegria. É uma graça receber a alegria do
Espírito.
Veem-me à mente os últimos números, os últimos parágrafos da
Exortação Evangelii nuntiandi de Paulo VI, quando fala dos cristãos alegres,
dos evangelizadores alegres, e não daqueles que vivem sempre tristonhos. Hoje é
um dia bonito para lê-los. Repletos de alegria. É isso que a Bíblia nos diz:
“Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres...”, era
tanta que não acreditavam.
Há uma passagem do livro de Neemias que nos ajudará hoje
nesta reflexão sobre a alegria. O povo tendo voltado para Jerusalém reencontrou
o livro da Lei, foi descoberto novamente – porque eles sabiam a Lei de cor, não
encontravam o livro da Lei –, grande festa e todo o povo se reuniu para ouvir o
sacerdote. Esdras que lia o livro da Lei. O povo comovido chorava, chorava de
alegria porque tinha encontrado o livro da Lei e chorava, estava alegre, o
choro... Quando o sacerdote Esdras terminou, Neemias disse ao povo: “Estejam
tranquilos, agora não chorem mais, conservem a alegria, porque a alegria no
Senhor é a força de vocês”.
Esta palavra do livro de Neemias nos ajudará hoje. A grande
força que temos para transformar, para pregar o Evangelho, para seguir adiante
como testemunhas de vida é a alegria do Senhor que é fruto do Espírito Santo, e
hoje peçamos a Ele que nos conceda esse fruto.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a
bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a
oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi
entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos
céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque
Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou
como disse. Aleluia!
Rogai por
nós a Deus. Aleluia!
D./
Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Com informações de Vatican News.
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