Anualmente, em Setembro, a Igreja do Brasil propõe o
“Mês da Bíblia”, que desta vez chega em sua 50ª edição. Seu objetivo é fomentar
a leitura, a meditação, o estudo e a prática da Palavra de Deus na vida dos
fieis e nas Comunidades Eclesiais Missionárias.
É importante reconhecer que, no Brasil, muitas
pessoas possuem, em suas residências, um exemplar da Sagrada Escritura.
Todavia, há diversas dificuldades em sua utilização: em alguns casos, é tida
meramente como peça decorativa ou até artigo de superstição; salienta-se,
também, a dificuldade de se interpretar alguns textos bíblicos, por não terem
uma linguagem usual. Sendo assim, é preciso redescobrir o valor humano e
espiritual da Palavra de Deus, para permitir que ela ilumine a vida de cada
cristão e da sociedade onde se insere.
Afinal, o que é a Bíblia? Qual a sua importância na
vida dos fiéis?
Frei Carlos Mesters afirma que “A ação do Espírito
Santo pode ser comparada com o sol: seus raios invadem e esquentam a terra e
fazem crescer as plantas debaixo para cima. Pode ser comparada ainda com o
vento que não se vê. A Bíblia é fruto do vento invisível de Deus que moveu os
homens a agir, a falar ou a escrever” (MESTERS, 2015, p. 11).
De modo análogo, a Constituição Dogmática Dei
Verbum, do Concílio Vaticano II, ensina que “Com efeito, nos Livros
Sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro de seus filhos,
a conversar com eles; é tão grande a força e a virtude da palavra de Deus que
fornece à Igreja o apoio vigoroso, aos filhos da Igreja a solidez na fé e
constitui alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual” (DEI VERBUM,
1965, n. 21).
Nesse sentido, urge a necessidade que a Igreja
continue a anunciar a Palavra de Deus, sobretudo na Sagrada Liturgia; mas
também leve o povo cristão a fazer uma experiência pessoal com o Senhor que se
revela na Escritura, por meio de encontros de formação e de vivência bíblica,
sob a ótica da realidade. A Bíblia é uma fonte profundíssima de
espiritualidade, capaz de transformar a vida, a família e a sociedade daqueles
que a leem, meditam e, sobretudo, colocam-na como norma ética de relação.
Por fim, nos momentos em que parecer faltar
esperança em nossa existência, aproximemo-nos de Jesus Cristo, que se deixa
conhecer na Escritura e partilha o Pão, que é o seu Corpo. Tenhamos, sempre, a
coragem que teve Simão Pedro de professarmos “A quem iremos, Senhor? Tu tens
palavras de vida eterna. Nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
(Jo 6, 68-69)