“Este pobre grita e o Senhor o escuta”, do Salmo 34, é o lema da Semana
da Solidariedade, da Igreja Católica no Brasil, que culmina com a Jornada
Mundial dos Pobres, deste 18 de novembro, criada pelo Papa Francisco. Por meio
dessa Semana, a Igreja promove mais intensamente ações solidárias em prol da
superação da pobreza. Essas ações podem ser pequenas diante de realidades tão
desafiadoras, mas são significativas e promissoras.
Árvores frondosas nascem de pequenas sementes. Aliás, o grão de
mostarda é um exemplo utilizado por Jesus para falar sobre o potencial de seu
Reino (cf. Mc 4,30-32). Nós mesmos nascemos de gametas observáveis somente por
microscópio. Nas sementes e nos gametas estão as potencialidades da vida. Em condições
favoráveis se desenvolvem. Suas energias e as sinergias dos seres que geram são
reveladoras da existência de Deus.
Somos um pouco cegos para enxergá-lo. No entanto, é fácil vê-lo ao
aproximamos os olhos da realidade que está ao nosso alcance, ou seja, nossa
história permeada de alegrias e dramaticidades, marcada por tempos de paz e de
turbulências. Aí está Ele. Nós o vemos em meio dos pobres, dos enfermos, dos
marginalizados e até dos injustamente condenados, enfrentando complicações com
autoridades. Seu nome? Filho de Deus, Jesus Cristo.
Aí está Ele, falando de um certo Reino, o seu Reino; convidando todos a
entrarem nessa realidade totalmente nova. Só alguns acreditam, deixam seus interesses
exclusivamente particulares, o seguem e o anunciam com convicção e sem medo. Os
poderosos de sua época, na Palestina, pretensamente donos da lei, desconfiaram
que seu Reino de Justiça viesse substituir a sociedade tão "certinha"
que eles haviam criado para justificar seus privilégios.
Eliminaram-no? Engano. O autor da vida não morre e jamais abandona o
propósito de efetivar seu Reino. Ele continua presente nos que estão sendo
impedidos de viver conforme a dignidade que Ele nos deu, e naqueles que os
amam. Aí está Ele, presente na história do povo sofrido que não perde a fé e a
esperança, manifestando-se nos que defendem a vida, lutam pelo bem comum e
constroem uma sociedade de relações fraternas e justas.
Entre seus seguidores há muitos jovens generosos, dedicados aos que têm
rostos abatidos por falta de oportunidades. Poucos lhes dão igual importância.
A Semana da Solidariedade une os que os amam, lhes dão atenção e lhes estendem
as mãos, implicando-lhes em ações socioeducativas, ajudando-lhes a recuperar a
autoestima e a consciência de sua dignidade, e reivindicar reconhecimento,
direitos e espaço de participação.
Por sua fé e suas ações, a semente do Reino de Deus germina, essa
“árvore” cresce. Não faltam podadores. Estão de plantão. Se tentam cortá-la,
fazem-na brotar com mais vigor. Consola-nos saber que a primavera e o céu no
tempo certo irrompem. Não custa esperar. É preciso resistir e lutar com mais
amor, sabedoria e coragem. Afinal, o falso que se impõe, mais cedo ou mais
tarde perece, e o que é realmente de Deus, renasce e cresce.
Jales, 13 de
novembro de 2018.