Na sequência dos
meses, outubro se apresenta como “mês missionário”. Como agosto foi o “mês
vocacional”, e setembro o “mês da bíblia”.
Salta aos olhos
que se trata de uma estratégia pastoral. Destacar uma dimensão, para enfatizar
sua importância, e perceber seus desdobramentos. Sempre na suposição de que
todas as dimensões da vida e da missão da Igreja precisam ser levadas em conta,
pois todas são importantes.
Mas a dimensão
missionária, de maneira especial, tem peso maior, no conjunto da realidade e da
ação pastoral da Igreja.
Esta importância
da missão se fundamenta na própria destinação que Cristo deu à sua Igreja. Ela
foi pensada por Cristo, e ela existe, para cumprir a missão. Cristo a coloca no
centro de sua própria missão. “Como o Pai me enviou, eu envio vocês”!
Desta maneira, a
missão explicita a centralidade do mistério de Cristo, e em decorrência, a centralidade
da própria Igreja.
A Igreja existe
para cumprir a missão recebida de Cristo. E ao mesmo tempo, a Igreja se realiza
na medida em que cumpre a missão.
Como se costuma
dizer, “a Igreja faz a missão, e a missão faz a Igreja”. Tudo para explicitar a
centralidade da missão, em Cristo e na Igreja.
A fundamentação
teológica é clara e fácil de ser aceita. Mas ela precisa ser corroborada por
uma prática coerente com o peso eclesial da missão.
Neste sentido, é
interessante perceber as lições da história. Toda vez que a Igreja sentiu a
necessidade de se renovar, ela redescobriu o caminho da missão. Estamos num
tempo em que a renovação da Igreja foi de novo colocada em pauta, especialmente
pelo Concílio Vaticano Segundo. Ora, o
tempo de mudanças é sempre um tempo propício para o surgimento de querelas
internas, em torno de questiúnculas secundárias.
Pois bem, se a
Igreja não partir para a missão, estas querelas vão inibir o impulso de
renovação da Igreja, e frustrar os grandes objetivos do Concílio.
Um olhar atento
sobre a caminhada histórica da Igreja, nos leva a uma intrigante constatação:
toda vez que aflorou um anseio forte de renovação eclesial, surgiram na Igreja
questionamentos que inibiram a concretização de generosas intenções
renovadoras, que ficaram inviabilizadas, seja por rupturas eclesiais mais
profundas, ou por medo de que estas rupturas acontecessem.
Só a abertura
missionária pode proporcionar a motivação verdadeira para a renovação eclesial,
e para a superação de impasses ecumênicos, que continuam se agravando.
A Igreja, ou as
Igrejas, existem para cumprir a missão, e na missão podem encontrar a motivação
para empreender as mudanças internas que se mostrarem necessárias.
Há constatações
importantes a fazer. Foi a abertura missionária que impulsionou a renovação da
Igreja Católica na Europa, no final do século 19 e início de século 20. Algumas
dioceses da França chegaram a enviar até metade dos seus padres para a missão,
especialmente na África. E muitas das atuais “Congregações religiosas” foram
criadas a partir do empenho missionário que a Igreja da Europa ia despertando.
A insistência do
Papa Francisco, de sermos uma “Igreja em saída”, se insere dentro da urgência
da missão. Precisamos encontrar caminhos, não para enfraquecer a Igreja com
nossas miopias, mas para levar o Evangelho “a todas as criaturas”, como Jesus ordenou aos seus apóstolos.