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Palavra do Bispo

Dom Reginaldo Andrietta

Terça-Feira, 30 de Abril de 2019 às 14:44

EVANGELIZAR O MUNDO URBANO

Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales

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A realidade atual do Brasil necessita ser bem analisada, sobretudo por quem se propõe realizar um “projeto evangelizador”. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) assume essa responsabilidade ao elaborar as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o período de 2019 a 2023, por meio de um processo participativo iniciado há um ano, que culmina na 57ª. Assembleia Geral, de 1 a 10 de maio de 2019.

Como resultado desse processo, focamo-nos especialmente no mundo urbano. Por que? Quais desafios estamos identificando nessa realidade, hoje? Como esses desafios deverão ser tratados do ponto de vista evangelizador? Quais elementos fundamentais deverão compor esse “projeto evangelizador”, para que seja humanizador de nossa convivência e organização social? Quais práticas devem ser priorizadas pela Igreja nesse contexto?

O mundo urbano se apresenta, hoje, como um grande desafio para todos os setores da sociedade, em particular para a Igreja. Segundo o IBGE, 86% da população brasileira vive nas cidades, sobretudo nos grandes centros urbanos, onde se concentram muitíssimos problemas sociais, agravados pelo alto índice de desemprego e pelas condições precárias de trabalho, com o consequente crescimento da pobreza e o aumento da violência.

Os grandes centros urbanos continuam atraentes, sobretudo para jovens do campo e de pequenas cidades, em busca de oportunidades de trabalho e estudo. No entanto, a indústria, o comércio e os serviços concentrados nesses centros, não atendem, suficientemente, à imensa demanda de trabalho e não oferecem condições dignas para se viver nessa realidade, na qual o consumo é intenso, o custo de vida é alto e o individualismo é acentuado.

A difícil sobrevivência na realidade urbana, somada ao seu espírito mercantilista e consumista, estimulam, sobretudo as novas gerações, à delinquência para conseguir o que necessitam e o que lhes é incutido pela publicidade. Nesse contexto, o necessário consumo, negado, mescla-se com o consumismo propagado, gerando um ser humano de identidade paradoxal: por um lado, desprezado; por outro, manipulado; finalmente, desintegrado.

Seres humanos desintegrados são egocêntricos, não nutrem amizades e laços familiares saudáveis, não criam vínculos comunitários, excluem-se da participação cidadã e até combatem iniciativas socializadoras. Esse estilo de vida que permeia o “Brasil urbano”, tem sua raiz sistêmica, de cunho economicista, evidentemente capitalista, o qual é extremamente contraditório: promete sucesso, mas produz situações sociais dramáticas, fracassos e tragédias.

Evangelizar seres humanos nesse contexto é desafiador. Não basta propor valores, teoricamente. Necessitamos testemunhar estilos diferenciados de vida, que correspondam, realmente, à Boa Nova de Jesus Cristo, por meio de comunidades de fé, organizadas e atuantes em todos os ambientes sociais, em solidariedade desde e com os pobres, no cuidado do planeta, nossa “Casa Comum”, e em prol da vida em plenitude, sinal do Reino de Deus.

O “projeto evangelizador” da Igreja no Brasil, protagonizado pela CNBB, deverá, enfim, se realizar por meio de pessoas e comunidades autenticamente evangelizadas, atuando em “rede”, com princípios comuns. Somente assim poderemos transformar a realidade, especialmente urbana, massacrante, simbolizada pela “Jerusalém que mata os profetas” (cf. Lc 13,34), em “cidade santa”, lugar real de “um novo céu e uma nova terra” (cf. Ap 21,1).

Jales, 29 de abril de 2019.

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