O Ano Novo de 2021
acaba de ser inaugurado. Quando se inicia um novo ano, a sociedade se reveste
dos melhores augúrios e bons auspícios, como que renovando a esperança de
acertar a “rota” do novo caminho. Este ano de 2021 parece até ser desacreditado
por alguns, já que o ano de 2020 deixou marcas terríveis na sociedade mundial e
a crise gerada demonstra que adentrará no novo ano. Pode até parecer que o
sentimento seja de querer esquecer 2020, todavia, as marcas, as crises, as
experiências, as pesquisas e descobertas deverão ajudar a tirar lições e a
contribuir na nova “rota” que precisa ser assumida, seja em âmbito pessoal como
social, econômico e sanitário dos Estados e Nações.
O Papa Francisco
escreveu em sua mensagem deste ano pelo Dia Mundial da Paz, intitulada: “A
cultura do cuidado como percurso da paz”, que o ano de 2021 “faça a humanidade
progredir no caminho da fraternidade, da justiça e da paz entre as pessoas, as
comunidades, os povos e os Estados”. Ao citar o ano de 2020, o Papa relembra
que a crise sanitária causada pela pandemia fez aflorar outras crises e que foi
um ano marcado por muito sofrimento, muitas lágrimas e perdas.
Contudo, foi também
um ano de muito esforço, de união das equipes de saúde e doação, quase em
exaustão, para cuidar dos inúmeros doentes. Foi também um ano de muita pesquisa
científica e de novas redes de solidariedade que se criaram, somando-se a todo
um trabalho solidário existente. Um ano de esforços coletivos pela vida, de
superação e momentos de reinvenção de planos e paradigmas, diante das
dificuldades estabelecidas. Vê-se que não foi de todo um ano perdido.
Algo marcante que o
Papa Francisco também escreveu em sua mensagem é que “é doloroso constatar que,
ao lado de numerosos testemunhos de caridade e solidariedade, infelizmente
ganham novos impulsos, várias formas de nacionalismo, racismo, xenofobia,
guerras e conflitos que semeiam morte e destruição”. É muito triste assistir e
constatar que alguns subjugam a pesquisa científica e espalham ares de desdém
ou deboche para com a situação que é tão grave. Só para citar, no Brasil,
enquanto alguns tratam o Coronavírus como uma “coisinha qualquer”, dizendo que
isso logo vai passar, a contaminação e seus efeitos já ceifaram a vida de mais
de 190 mil brasileiros.
Um dos horizontes
para o ano de 2021 é o respeito pela vida, é a empatia e ternura para com o
outro, é fazer acontecer a “cultura do cuidado pela vida para construir a Paz”.
O novo ano traz esperança e luz para um futuro melhor. Deus ama tanto a obra
criada que é incapaz de abandoná-la ao caos. Deus entregou este mundo ao homem
e à mulher, com o intuito que eles pudessem ajudar a cuidar da casa comum.
Espera-se que o ano
de 2021 seja também de fortalecimento das relações frutuosas e não de
individualismo e exclusão. Que o exemplo bíblico de Caim que mata seu irmão
Abel, e responde “acaso sou guarda de meu irmão”, seja superado pela humanidade
e esta consiga implantar mais amor, solidariedade e respeito. Na mesma
mensagem, o Papa ainda afirmou, “a solidariedade nos ajuda a ver o outro não
como dados estatísticos, nem como meio a usar e depois descartar, mas como
próximo”. Construa-se, escreveu ele, entre homem e mulher da sociedade, nas
estruturas governamentais e entre as Nações, a lógica do “rumo comum” e que “a
solidariedade seja em prol do bem comum”.