Dois dias depois do crime que chocou o país, os
investigadores buscam descobrir o que motivou e os detalhes do planejamento do
tiroteio em Suzano, na Grande São Paulo, que matou dez pessoas, inclusive os
dois atiradores, e deixou 11 feridos. Testemunhas devem prestar depoimentos,
enquanto são feitas análises dos computadores, cadernos e objetos que pertenciam
aos dois jovens que provocaram a tragédia.
O Instituto de Criminalística faz exame toxicológico do
material orgânico dos dois atiradores. No Instituto Médico Legal (IML), os
médicos legistas concluíram que Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, matou
Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, com um tiro na testa. Depois, ele se matou
com um tiro na cabeça.
Equipes policiais fizeram diligências nas casas dos
atiradores e em uma lan house frequentada por eles. Foram apreendidos
computadores, tablets e anotações. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de
São Paulo, 16 testemunhas foram ouvidas. De acordo com os investigadores, eles
poderão prestar novo depoimento.
As armas utilizadas pelos atiradores – um revólver calibre
38, uma besta (arma medieval semelhante ao arco e flecha) e uma machadinha -
foram apreendidas e encaminhadas para a perícia. O revólver estava com o número
de série apagado.
Terceiro jovem
A Polícia Civil investiga a participação de um adolescente,
de 17 anos, no planejamento do atentado na Escola Estadual Professor Raul
Brasil. O suspeito foi colega de classe de Guilherme Monteiro e teria ajudado a
dupla de atiradores.
Segundo a polícia, ele estava na cidade de Suzano no momento
do ataque, mas não foi até a escola. O adolescente foi ouvido pela Polícia
Civil, que pediu à Vara da Infância e da Juventude a sua apreensão e espera a
autorização.
Há um vídeo em que uma terceira pessoa aparece junto com os
dois assassinos dias após eles terem alugado o carro usado no atentado. O
aluguel do carro foi pago com cartão de crédito.
Motivação
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Pontes,
disse que os jovens queriam reconhecimento dentro da própria comunidade e
publicidade na mídia. De acordo com Pontes, eles pretendiam mostrar que eram
tão cruéis quanto os atiradores de Columbine.
O delegado minimizou a hipótese de que um suposto bullying
sofrido pelos jovens tenha motivado o massacre. No entanto, depoimentos de
pessoas próximas a Guilherme Monteiro afirmaram que ele era alvo de comentários
jocosos por causa de acne no rosto. Segundo relatos, o jovem fez tratamento de
pele.
Nesta sexta-feira (15) deve ser publicado decreto, no Diário Oficial, que determina que, no prazo máximo de 30 dias, as indenizações serão pagas aos parentes das vítimas. Ontem (14), o governador de São Paulo, João Dória, estimou que os valores podem chegar a R$ 100 mil por família.
Fonte: Agência Brasil
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