O destino do Brasil,por
muitos anos, estará sendo decididonas eleições que se aproximam. Muitíssimos
eleitores, no entanto, desinformados sobre os reais interesses que estão em
jogo, correm o risco de fazer escolhas sem conhecerem suficientemente e
analisarem criticamente os candidatos, seus partidos, quem os financia e seus
projetos.
Muitos candidatos vendem
uma imagem que não corresponde à sua identidade real, à função que postulam e
ao tipo de gestão que a nação necessita. Para muitos deles, o processo
eleitoral se reduz ao marketing. O debate com a participação direta dos
eleitores é raro. Até mesmo grande parte de comunidades cristãs se omite dessa
responsabilidade.
São escandalosas as posturas
alienadas de muitos cristãos e as adesões a um candidato à presidência que dissemina
violência, ódio, racismo, homofobia e preconceito contra mulheres e pobres. Ele utiliza
falsamente as temáticas do aborto, gênero, família e ética; faz apologia à
tortura, à pena de morte e ao armamentismo; e é réu por injúria e incitação ao
crime de estupro.
Ele e outros candidatos
usamo“nome de Deus em vão”, o que é censurado na Sagrada Escritura, conforme o
Livro do Êxodo 20,7. Manipulam a religião. Não amam a justiça. O livro da
Sabedoria os adverte: “Haverá investigação sobre os projetos do injusto, o rumor
das palavras dele chegará até o Senhor e seus crimes ficarão comprovados” (Sb
1,9).
Frente a esse
contexto, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou uma cartilha
sobre as eleições, na qual manifesta preocupação com as polarizações que
culminam em ódio. Por meio dessa cartilha, a CNBB chama a atenção para a
importância da convivência democrática, do respeito ao próximo, do pluralismo
sadio e do debate político sereno.
“A polarização
de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de
objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social”, diz
a CNBB nessa cartilha. Guiando-se por ela, a Diocese de Jales lançou um folheto
que conclama os eleitores a “uma participação mais consciente e responsável nas
eleições”.
Esse folheto
apresenta critérios para a escolha de bons candidatos, afirmando que os bons
políticos são conhecidos especialmente por seus compromissos com a classe
trabalhadora. Votar, então, em quem? Em quem “possui histórico de ações em
favor dos mais necessitados: crianças, adolescentes, jovens, trabalhadores,
idosos, sem teto e desempregados”.
Se o candidato
postula a reeleição,que o eleitor tome em consideração como ele se posicionou nas
reformas dos dois últimos anos, que prejudicaram a classe trabalhadora. O
critério do candidato ser do município ou da região não é prioritário. O eleitor
deve conhecer bem seu histórico de vida e seu programa de trabalho, e verse tem
lutado em favor dos trabalhadores e do bem comum.
Reconheçamos a importância do debate respeitoso sobre esse
assunto em todos os ambientes, especialmente nas comunidades cristãs, afinal Cristo
nos confia a vida em sociedade, afirmando que seus seguidores devem ser“sal da
terra e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-16).Ele mesmo atribui prioridade a essa
missão, dizendo: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33).
O destino saudável do Brasil depende de nossa opção em defesa
do que é verdadeiramente justo. Saibamos, então, fazer escolhas lúcidas nesta
eleição, entendendo que estão em jogo, basicamente, dois projetos: um deles é
da classe trabalhadora, em favor do bem comum. Se fizermos outra escolha
sofreremos ainda mais. Por isso, estejamos atentos! Deus nos responsabiliza.
Jales, 19 de setembro de 2018.