Há “três passos fundamentais no caminho da fé: escutar, fazer-se próximo e testemunhar”, disse o Papa Francisco em sua homilia na missa de encerramento do Sínodo sobre os jovens na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no último dia 28 de outubro.
Ele fez a sua desafiadora homilia sobre “o caminho da fé” ao
concelebrar a missa com os 260 Padres sinodais de mais de 130 países. Também
participaram da missa os 36 jovens de todos os continentes que atuaram nesse
evento histórico e que entraram em procissão na basílica na frente dos padres,
bispos, cardeais e do papa.
Comentando a história do Evangelho Segundo Marcos (10,46-52)
sobre o cego e mendigo Bartimeu, que gritou a Jesus enquanto caminhava na
estrada de Jericó a Jerusalém, o papa lembrou que, depois que Jesus parou, escutou
o que ele tinha a dizer e lhe devolveu a visão, o homem tornou-se discípulo e
caminhou com ele e os outros discípulos até a cidade santa.
“Nós também caminhamos juntos, ‘fizemos sínodo’”, disse Papa
Francisco, antes de oferecer um mapa para as suas vidas futuras.
Francisco disse que “o primeiro passo para ajudar o caminho
da fé” é “escutar”. “É o apostolado do ouvido: escutar, antes de falar”.Ele
lembrou que muitos daqueles que estavam com Jesus “repreenderam Bartimeu para
que se calasse”, consideraram esse “necessitado” como um mero “incômodo no
caminho, um imprevisto no programa pré-estabelecido. Preferiram os seus tempos
aos do Mestre, as suas palavras à escuta dos outros: seguiam Jesus, mas tinham
em mente os seus próprios projetos”.
Francisco advertiu os seguidores de Jesus de hoje que esse
“é um risco para se proteger sempre” e lembrou-lhes que “para Jesus o grito de
quem pede ajuda não é um incômodo que atrapalha o caminho, mas uma demanda
vital”. Ele lembrou que Deus sempre nos ouve: “Deus nunca se cansa; sempre se
alegra quando o procuramos”.
Ele, então, explicou que “um segundo passo para acompanhar o
caminho da fé é fazer-se próximo”. Ele lembrou que, no relato do Evangelho,
Jesus vai “pessoalmente” encontrar o mendigo cego, “não delega alguém” para
fazer isso. “É assim que Deus faz, envolvendo-se em primeira pessoa com um amor
de predileção por cada um. No seu modo de fazer, ele já passa a sua mensagem”,
disse Francisco.
Francisco alertou que, “quando a fé se concentra puramente
em formulações doutrinais, corre o risco de falar só à cabeça sem tocar o
coração. E, quando se concentra apenas em fazer, corre o risco de se tornar
moralismo e de se reduzir ao social”. O papa, ainda, afirmou, “fazer-se próximo
é levar a novidade de Deus à vida do irmão, é o antídoto contra a tentação das
receitas prontas”. Fazer-se próximo significa rejeitar “a tentação de se lavar
as mãos”, disse; significa “imitar Jesus e, como ele, sujar as mãos”.
O Papa Francisco falou, em seguida,
sobre o terceiro passo no caminho da fé: “testemunhar”. Retomando o relato do
Evangelho Segundo Marcos, ele relembrou que Jesus enviou seus discípulos ao
cego e mendigo “não com uma moedinha tranquilizadora ou para dispensar
conselhos”, mas apenas para lhe dizer: “Coragem! Levanta-te. Ele te chama”.
Jesus “cura o espírito e o corpo”, disse o papa. “Só Jesus chama, mudando a
vida de quem O segue, pondo novamente de pé quem está no chão, levando a luz de
Deus para as trevas da vida”.
Francisco concluiu a sua homilia lembrando que o “caminho da
fé”, expressado nesses três passos fundamentais, termina de uma forma bela e
surpreendente, quando Jesus diz: “Vai, tua fé te curou”.Ele explicou que “a fé
que salvou Bartimeu não estava nas suas ideias claras sobre Deus, mas em buscá-lo,
em querer encontrá-lo”. Francisco enfatizou que “a fé é questão de encontro,
não de teoria.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça aquilo que acaba de nos
dizer Papa Francisco!