Este tempo é muito significativo para o povo brasileiro. Vivemos
aflições, mas nos movemos com orações, tendo pela frente eleições. Neste outubro,
nossas novenas, terços e missas se associam as festividades de Nossa Senhora
Aparecida, sinônimo de fé. Desde março deste ano, muitas comemorações do nosso
calendário já foram alteradas. Vivenciamos a espiritualidade da Semana Santa
direto de nossas casas. Pais e mães foram homenageados à distância. Online, vivemos
momentos que marcam nossa história.
Já se passaram 303 anos do encontro da imagem de Nossa
Senhora, pelos três pescadores que, angustiados, sem nada pescar, testemunharam
o primeiro milagre, uma pesca farta e o início da maior expressão de fé de
nosso povo. A escravidão e a monarquia eram traços marcantes deste país, que
ainda buscava sua identidade política, civil e de fé.
"Aparecida conquistou o Brasil antes mesmo de existir em
nosso país um hino (1822) ou uma bandeira nacional (1889). A santinha,
encontrada por três pescadores no Rio Paraíba do Sul em 1717, foi o primeiro
símbolo realmente brasileiro e de alcance nacional", afirma o jornalista
Rodrigo Alvarez. Atualmente, o maior Santuário Mariano do mundo, com
celebrações exclusivamente transmitidas pelos meios de comunicação por causa da
pandemia, ensaia um retorno aos visitantes, com medidas de proteção.
Um dos locais que mais chama a atenção do público no
Santuário é a sala dos milagres e promessas. Em breve, encontraremos neste
local, máscaras e jalecos, símbolos de nossos profissionais da saúde, que se
dedicam à luta pela preservação da vida, bem como fotos de famílias com
histórias de superação deste momento doloroso.
A pandemia do Coronavírus se estende e deixa um rastro de
tristeza nas famílias que perdem seus entes queridos. A contaminação segue com
força para fazer novas vítimas, inclusive nas pequenas cidades, preocupando as
autoridades de saúde. Enquanto aguardamos a superação das irresponsabilidades
que dão força ao vírus, o mundo vive a expectativa de uma vacinação em massa,
em busca de segurança e estabilidade.
O povo confia à sua padroeira essa e muitas outras aflições, tais
como as queimadas históricas destruindo nossos biomas, a taxa de desemprego no
Brasil que atingiu um recorde de 13,8% no trimestre de julho, com mais de 13
milhões de desempregados, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em três
meses, foram encerrados mais de sete milhões de postos de trabalho.
Neste cenário, o Brasil deu a largada para às eleições
municipais. Serão mais de 500 mil pessoas concorrendo para o exercício de uma
função pública. Os eleitores que irão
comparecer às urnas devem estar atentos às aflições de nosso tempo, entendendo
os principais desafios de cada município. Somente com consciência cidadã e
participação ativa poderemos eleger pessoas capacitadas para administrarem o
bem público com responsabilidade.
O Brasil que poderá sair das urnas renovado, começa em cada pessoa e em cada família que acende neste mês uma vela de esperança, confiando na proteção da padroeira: “Nossa Senhora me dê a mão, cuida do meu coração, da minha vida, do meu destino, do meu caminho, cuida de mim”. Portanto, que não falte aos eleitores neste mesmo compromisso para fazer as mudanças que nosso país necessita.