O ser humano é uma rede de
relações, e toda relação sadia contribui para o equilíbrio interno. Há relações
que são essenciais à vida humana e dentre elas destacam-se a relação de
dependência, a relação de sobrevivência, a relação de fraternidade e a relação
de interiorização. Respectivamente, tais relações evocam vontade e mente, mãos
(técnica), sentimentos, afetos e autocuidado.
Por relação de dependência
compreende-se a capacidade humana de sintonizar-se com o Infinito, o Absoluto:
Deus. Isso ajuda o ser humano a driblar sua finitude. A relação de
sobrevivência é a capacidade humana de utilizar sua criatividade para
dignificar sua vida pela força de trabalho, utilizando os meios contidos
em nossa “casa comum” (meio ambiente), sem abusar deles. A relação de
fraternidade propõe ao ser humano conviver com outras pessoas (alteridade) à
base do respeito e da igualdade. E a relação de interiorização é a habilidade
do ser humano de voltar-se ao próprio interior e configurar todo seu ser na
medida em que vive harmonicamente todas essas dimensões das relações,
encontrando o seu "para quê" no mundo.
Cada vez mais crescem as relações
doentias e, com isso, o desiquilíbrio interno, gerando falta de sentido na
vida, rompendo-se os sonhos, imperando a busca da facilidade, do imediato, do
midiático e os aplausos ao “carpe diem” (viver o momento). Isso tudo se dá
principalmente entre os adolescentes e jovens.
Viver o momento sem prospecção
futura acarreta muitas irresponsabilidades, como o consumo exagerado de drogas
lícitas e ilícitas, a sexualidade descontrolada, o advento de
gerações sem convivência com seus genitores, a indiferença ao Absoluto, os
abusos com os meios oferecidos pela natureza, rompendo-se a boa convivência com
o próximo, tratando-se o real como virtual, descartável e, com isso, o caos se
instaura pessoal e socialmente.
Além do mais, o “carpe diem”, as
ausências de sonhos despontam, decorrências de uma sociedade que coloca o ter
acima do ser e o estético acima do ético, problemas gerados pelo abismo econômico,
moral, cultural e educacional entre as pessoas que se afastam e se excluem
entre si.
Toda essa gama de situações
favorece a geração de depressões e de escravidões, provocando grande sofrimento
interno e, com isso, o alto índice de suicídios, isto é, a busca da morte como
uma alternativa para deixar de sofrer frente a um mundo e ao próprio ser
desarmonizados.
O setembro amarelo é uma iniciativa de conscientização do verdadeiro
sentido da vida. Tantas outras atividades são criadas pelas igrejas, ONGs,
entidades, e até mesmo pelo grupo Protetores da Vida, a fim de se resgatar a
harmonia do ser humano consigo e com as realidades a sua volta.
No caminho de volta a Emaús (Lc
24), os discípulos estavam frustrados com a morte de Jesus. Era como se o sonho
de vida plena tivesse morrido. E Jesus caminha com eles, escutando suas
expectativas e frustrações. De repente, Jesus começa a fazer algumas indagações
a esses discípulos e as vendas de seus olhos caíram a ponto de reconhecerem o
Cristo Vivo, a Vida acima de toda cultura da morte.
Nada advém das grandes
estruturas! É na base, ou seja, na família, no bairro, nos pequenos grupos de
igreja, nas escolas, nos locais onde estão os adolescentes e jovens que o
diferencial precisa engendrar.
Ouvir, acolher e entender o
desequilíbrio do outro é o principal caminho para ajudá-lo a harmonizar-se!
Questioná-lo, acompanhá-lo, levá-lo a refletir sobre a origem do caos no mundo
e suas consequentes frustrações são caminhos para fazer renascer o sentido da
vida.
Quem ama a vida torna-se diácono em
prol à vida!