Iniciamos um novo ano, com novos administradores
municipais do executivo e do legislativo, sejam estes iniciando o mandato ou
reeleitos. Mas quais são as reais expectativas do povo? São expectativas de
mudanças na forma de administrar nossos municípios, seja de grande porte ou
pequeno. O que se espera dos novos administradores é que governem para o bem comum
de todos os munícipes, principalmente dos mais pobres e necessitados, com uma maior
participação nas políticas públicas, e não governem para o bem de si mesmos, de
suas famílias ou grupos de interesses, que muitas vezes apoiam e financiam as
campanhas eleitorais para receber em troca cargos, funções ou mesmo vantagens e
privilégios, desviando a gestão pública da sua verdadeira missão.
O povo está cansado dessa situação, por isso, que o
assunto política não ressoa bem nos ouvidos da maioria da população, e os
políticos não tem o respeito dos cidadãos. As expectativas são sempre de
mudanças que possam gerar uma sociedade mais democrática, participativa, onde
os cidadãos possam ser ouvidos em suas reais expectativas de uma gestão municipal
que gere emprego, saúde, habitação, educação, cultura, lazer… vida digna para todos.
Faz-se necessário trilhar esse caminho da democracia
com políticas públicas participativas, o que muito se fala nos vários níveis de
gestão, mas que na prática ainda precisa acontecer, para que haja uma
participação efetiva e contínua, interagindo representantes e representados,
num processo de construção. É o que precisa ser feito a partir das várias
instâncias, através das quais a população possa participar por meio dos
Conselhos Municipais, Orçamentos Participativos, entre outros.
Esse papel na participação das políticas públicas ou
na escolha de nossos representantes nas instâncias acima citadas é de todos os
munícipes (cidadãos); sejamos negros ou brancos, pobres ou ricos, cristãos ou
ateus, jovens, adultos, idosos. A construção de uma nova forma de governar mais
participativa e efetiva que corresponda às nossas expectativas e reais necessidades,
deve contar com o envolvimento de todos, de forma comunitária, através das igrejas,
associações de bairro, entidades e instituições.
O documento 105, da CNBB, diz: “Há necessidade de
romper o preconceito comum de que a política é coisa suja, e conscientizar as pessoas
de que ela é essencial para a transformação da sociedade”; e também,
“impulsionar os cristãos a construírem mecanismos de participação popular que
contribuam com a democratização do Estado e com o fortalecimento do controle social
e da gestão participativa”. O Papa Francisco diz: “há necessidade de novas
forças políticas que brilhem pela sua ética e cultura; que façam uso do diálogo
democrático; que conjuguem a justiça com a misericórdia e a reconciliação; que
sejam solidárias com os sofrimentos e esperanças dos povos…”.
E o que vamos fazer? Continuar lamentando a sorte?
Reclamando dos nossos administradores municipais? Desacreditando da força que
temos na união e na participação? Fugindo da palavra Política? De braços
cruzados? Se Moisés não vencesse o seu medo e iniciasse o processo de
libertação do povo no Egito, e não reorganizasse o povo, estariam até hoje escravos
e comendo as cebolas do Egito! Vamos meu povo! Acorda! Como disse Jesus ao paralítico:
“Coragem! Levanta-te e anda!” (Jo 5,8). Olhe bem para sua realidade e verás um caminho
a percorrer! “O povo unido não será vencido”. Acreditemos na força da união!