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Editorial da Semana

Editorial da Semana - Diocese de Jales

Quinta-Feira, 31 de Janeiro de 2019 às 18:55

IMIGRAÇÃO: FENÔMENO TRÁGICO DO NOSSO SÉCULO

Pe. Lorenzo Longhi

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A imigração é um dos grandes temas de nosso tempo. Razões econômicas, de instabilidade política, social e ambiental levam grandes fluxos de pessoas a se deslocarem dos seus países de origem para outras destinações, em busca de melhores condições de vida. Ao longo dos tempos ondas migratórias mudaram de números, nas áreas de origem, de destinação, nas causas, na composição sócio-cultural e na idade dos migrantes. Fenômeno extremamente mutável, que através de uma preponderante motivação econômica, sobressaem conflitos políticos, religiosos e étnicos.

Em 2017 os migrantes no mundo estavam estimados em 253 milhões mais de 3% da população do planeta, dos quais 17,2 milhões são refugiados, 2,8 milhões são requerentes de asilo e um total de 65,6 milhões são “migrantes forçados”, dentre eles 50% são mulheres. A diferença entre as pessoas que escolhem partir para achar melhores condições de vida (os ditos migrantes econômicos) e aqueles que pelo contrário são coagidos a fugir de condições de conflito e perseguição (os requerentes de proteção internacional), é “equivocada” politicamente, mesmo que escolhida pelos muitos Estados e pela União Européia que é rigidamente dicotômica: rejeitar os primeiros e acolher, mais ou menos com determinadas condições, os segundos. Na União Européia (U.E), os residentes estrangeiros são quase 37 milhões, aproximadamente 6,9% da população total. Na Europa 650 mil requerentes de asilo encaminharam a demanda de proteção internacional pela primeira vez em 2017, em 2016 foram 1,2 milhões e na espera do balanço definitivo o 2018 apresentou uma consistente queda. O 2018 encerrou-se simbolicamente com dois navios humanitários carregados de pessoas abandonadas no meio no mar Mediterrâneo, pela incapacidade européia de administrar o fenômeno migratório.

Entre junho de 2014 e junho de 2017 chegaram na Itália 550 mil pessoas, na maioria saídas da Líbia. A partir do verão de 2017 o país tem adotado com a Líbia o modelo já utilizado em 2016 pela União Européia (U.E) com a Turquia: oferecer dinheiro e outras formas de apoio em troca do bloqueio das saídas, modelo este ulteriormente fortalecido em 2018. Segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, entre01 de janeiro a 31 de dezembro de 2018 desembarcaram na Itália 23.371 pessoas, quase 100mil a menos que no 2017, na Espanha 64 mil e na Grécia 33 mil pessoas. O acordo com a Turquia de 2016 tem parado o êxodo de massa de imigrantes Sírios, Iraquianos e Afegãos para a Europa, que tinha levado um milhão na Grécia entre março de 2015 e março de 2016. Desde então na Grécia o fluxo estabilizou-se, referente a dois ou três mil chegadas no mês. Em 2018 soma-se aproximadamente 4 mil os mortos no Mediterrâneo.

Números! Pois é, a política o que faz? A União Européia (U.E) demonstrou-se até aqui incapaz de administrar o fenômeno ao não ser em forma emergencial e deixando os países, enterrado o acordo que previa cotas de acolhida obrigatória, a faculdade de acolher os migrantes. E a crise econômica que se passa no Velho continente, junto com as disparidades sociais têm trazido um clima de desconfiança, medo e intolerância diante dos migrantes. A Itália com o novo ministro Matteo Salvini tem adotado uma política de controle ferrenho: portos fechados, corte de financiamento de projetos do sistema de acolhida, centros de acolhidas e centros administrados pelas associações de cunho católico como a Cáritas.

Com um decreto “Segurança” o Governo italiano apertou mais, revogou as licenças humanitárias, dando licenças especiais. E mais, enquanto não tiverem residência os migrantes não poderão ter os serviços mínimos, como dormitórios públicos, assistência sanitária e assistência social.Em poucas palavras, significa que serão expulsos do território italiano.

Aí como resolver este fenômeno humanitário do nosso século? O que Cristo faria?


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