Todos os anos no Brasil no mês de agosto, realiza-se a Semana
Nacional da Família, tendo como objetivo mobilizar a Igreja, nas suas
pastorais, movimentos, grupos e serviços, para a reflexão sobre a realidade
familiar, com toda sua complexidade, suas luzes e sombras, tendo o olhar misericordioso
e acolhedor de Cristo, procurando seguir sua proposta de vida (cf. AL, nº 32).
Realizada dentro do mês vocacional, neste ano em sintonia
com o 3º Ano Vocacional, a Semana da Família nos traz como tema: “Família,
fonte de todas as vocações”, e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho”. Com
isso devemos ter presente que é da família que brotam todas as vocações, como
uma grande riqueza para a vida da Igreja, na construção do Reino de Deus. “É na
vocação da família cristã que Deus começa a transmitir o seu amor a todos os
seus” (T.B – A. V, nº 201). Assim, como o Senhor fez “arder” os corações dos
discípulos de Emaús, é nossa missão evangelizar cada família, ajudando estas a
se encontrarem com Cristo, proporcionando que os corações e os lares se “ardam”
de amor pelo Evangelho. Como graça e missão, o chamado do Senhor deve ressoar
em nosso coração, em todos os ambientes, de uma maneira especial, na família.
“Diante das famílias e no meio delas, deve ressoar sempre de novo o primeiro
anúncio, que é o mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo,
mais necessário” (AL, nº 58).
As famílias devem ser formadas na Palavra do Senhor.
Sintonizando-se com a Palavra, que nos revela um Deus que estabelece com a
humanidade, relacionamentos de amor, afeto e misericórdia, a família
compreenderá melhor a sua missão, assumindo a sua vocação de ser família de
Deus, família cristã.
Este anúncio ao qual o Papa Francisco se refere é carregado
de amor e de ternura. Assim também deve ser o nosso ensinamento sobre a
família. Deus nos ama, e por isso nos chama. Somos chamados a servir, a ser
povo de Deus, a acolher e proteger a vida. Chamados a ser discípulos e
discípulas do Senhor, nos colocando à caminho, como os discípulos de Emaús. Chamados
a ser família, Igreja doméstica, que cultiva, guarda e transmite os valores do
Evangelho.
O ambiente familiar deve ser lugar do testemunho de amor,
fidelidade, diálogo, escuta e misericórdia. Mas também, lugar onde os pais
exerçam verdadeiramente a missão de educar. Este é um grande desafio. Não é a
diversidade de famílias que atrapalha. Esta é positiva, pois nos leva a
interagir com o diferente, superando preconceitos.
O que desgasta é quando presenciamos: pais que não corrigem
seus filhos; pais que transferem aquilo que é sua responsabilidade para a
escola, ou seja, a missão de educar e de impor limites. Portanto, há a necessidade
de uma mudança de postura e de mentalidade. Os pais precisam ser mais presentes
na vida e na formação de seus filhos para a vida em sociedade e para a vida
religiosa. É necessária uma verdadeira catequese familiar, onde as famílias
sejam formadas na fé, no compromisso, assumindo melhor suas responsabilidades.
A família é dom de Deus. Para ela a Igreja deve ter um olhar
todo especial. Hoje, marcada por tantas dificuldades, com relacionamentos
muitas vezes tão fragilizados, ela necessita de cuidado, amparo e proteção. No
entanto, é no ambiente familiar que a cultura vocacional deve ser cultivada em
primeiro lugar.