O Brasil voltou ao mapa da fome. A realidade de pobreza
cresce e se torna alarmante. A taxa de pessoas sem trabalho acumula tristes
recordes com aproximadamente 14 milhões no último balanço feito pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado no final do mês de
outubro. Aqueles que estão no mercado de trabalho acumulam 1,5 milhão a menos
no mesmo período. A cada atualização das estatísticas fica evidente um Brasil
com mais desempregados.
A renda dos 40% mais pobres no Brasil caiu, em média, 1,4%
por ano, entre 2014 a 2018. Dados do Banco Mundial e da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios demonstram a situação que envolve mais de 85 milhões
pessoas em situação de empobrecimento. Em 2019, o Brasil chegou a quase 14
milhões de pessoas em extrema pobreza. A ajuda emergencial estancou por alguns
meses o crescimento desse índice quevoltará a crescer se essa ajuda não for
mantida.
Além da ausência de renda no lar de muitos brasileiros, neste
período ficaram explícitos outros problemas ainda maiores, como a dificuldade
com a alimentação para todos os integrantes de uma mesma casa e manutenção
mínima das famílias. Muitas famílias pobres, cujos filhos são assistidos por
entidades socioeducacionais, perderam esse apoio, por causa das restrições impostas
pela pandemia à frequência deles nas atividades dessas entidades.
No entanto, a solidariedade ganhou força com incontáveis
exemplos que, no pós-pandemia, incentivarão novas formas de cuidado das pessoas
mais empobrecidas. Um levantamento realizado pela Secretaria da Cáritas Diocesana
para a Ação Solidária Emergencial, no mês agosto, apontou que nos 45 municípios
da Diocese de Jales foram arrecadadas e distribuídas mais de 111 toneladas de
alimentos, para famílias carentes e entidades. Esses números, hoje, são bem
maiores.
Esses mesmos gestos farão parte da Semana da Solidariedade e a
Jornada Mundial dos Pobres, realizada de 08 a 15 de
novembro, sob a responsabilidade da Cáritas Brasileira e a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil. Católicos e pessoas de boa vontade foram convocados pelo
Papa Francisco, na conclusão do Ano Santo da Misericórdia, em 2016, para a
Jornada Mundial dos Pobres. “Estende a tua mão aos pobres” (Eclo 7,32), é o
tema da Jornada deste ano.
Nessa Semana da Solidariedade, a Igreja estará promovendo por
meio de suas comunidades, em cada município, gestos concretos de solidariedade
com pessoas empobrecidas que estão em situação de maior vulnerabilidade. Podem-se
realizar coletas de alimentos e roupas, celebrações e encontros de reflexão sobre
a mensagem do Papa Francisco para a Jornada Mundial dos Pobres, bem como ações
para que o poder público atenda as demandas dos empobrecidos.
Vale, pois, destacar o que o Papa afirma nessa mensagem: “Não
podemos sentir-nos tranquilos, quando um membro da família humana é relegado
para a retaguarda, reduzindo-se a uma sombra. O clamor silencioso de tantos
pobres deve encontrar o povo de Deus na vanguarda, sempre e em toda parte, para
lhes dar voz, defendê-los e solidarizar-se com eles face a tanta hipocrisia e
tantas promessas não cumpridas, e para os convidar a participar na vida da
comunidade”.