Paira
um questionamento entre os diocesanos desta Igreja Particular “Nossa Senhora da
Assunção”, Jales/SP: são apenas 60 anos de história eclesial?
Revisitando
as raízes da fé “entre nossos belos rios e vales, campos e cidades”, temos
clareza de que a história da Igreja nessa territorialidade soma, realmente,
mais de sessenta anos, mas a criação e a instituição da Diocese de Jales
completam, de fato, seu jubileu de diamante.
Inicialmente
um povoado e, com ele, suas devoções e símbolos. A marca histórica é, na cidade
de Jales, a igrejinha dedicada ao Senhor Bom Jesus. O símbolo central é o
Cruzeiro. Depois, a devoção popular do fundador da cidade de Jales, dedicando
uma igreja,sua primeira paróquia, a “Santo Expedito”. Associa-se então a isso a
sabedoria dos padres assuncionistas, que tomam à frente a criação da nova
diocese e, assim, a primeira paróquia de Jales, Santo Expedito,torna-se a primeira
Catedral Diocesana, intitulada “Nossa Senhora da
Assunção”.
Do
povoado à criação da cidade, até a instituição da diocese,ocorreram encontros e
desencontros acerca de seus padroeiros, mas o grande símbolo referencial da fé
cristã sempre prevaleceu: o Cruzeiro. E as decisões foram tomadas: Nossa
Senhora da Assunçãotornou-se a padroeira da Diocese de Jales e, Santo Expedito,o
padroeiro destacidade.
Essa
história, porém, carregou a promessa de sereimplantar uma nova paróquia
dedicada a Santo Expedito, prevista para novembro de 2020. Na Romaria de 1989,
resgatou-see recolocou-se a imagem desse santo popular no presbitério de nossa
Catedral Diocesana.
São,
assim,sessenta anos de diocese. Sessenta anos em que, a partir da Sé Catedral,
o povo de Deus é pastoreado pelos sucessores dos apóstolos, os bispos, tornando
presente em nossos 45 municípios a Igreja instaurada por Jesus Cristo, comprometida
com o Reino de Deus e sacramento universal de salvação.
A
palavra Sé recorda para nós a sede que, muito mais que uma “cadeira” é, teologicamente, o lugar
onde o bispo, tendo os presbíteros e os diáconos como colaboradores, exerce seu
múnus de ensinar, santificar e governar para apascentar o povo e conduzi-lo a
Cristo, o Bom Pastor.
O
bispo, a partir da Catedral Diocesana, exerce uma função docente, isto é, dedica-se
à pregação do Evangelho e, como arauto da fé, pelo testemunho e ensino, leva a
Cristo novos discípulos e sustenta na fé, na esperança e na caridade, aqueles
já iniciados no discipulado.
O
bispo é revestido da plenitude do sacramento da ordem, atingindo o terceiro
grau, o episcopado. O bispo é o “administrador da graça do sumo sacerdócio,
especialmente na eucaristia que ele mesmo oferece ou manda oferecer, e pela
qual a Igreja vive e cresce continuamente” (cf. Lumen Gentium, parágrafo 26). A
participação no Corpo e Sangue do Senhor objetiva transformar o povo naquilo
que recebe e assim fundamenta-se a unidade eclesial. A unificação do povo sob a
santificação intermediada pelo bispo objetiva o anseio do Senhor de que “haverá
Um só rebanho e um só Pastor”(cf. Jo 10, 14-16).
O
bispo é vigário de Cristo na diocese a ele confiada. Aconselha, exorta,
exemplifica a partir dos vários contextos histórico-existenciais e, então,
governa como aquele que serve (cf. Lc 22, 26-27). Ao bispo é atribuído o oficio
pastoral e, por isso, organiza o culto e a vida apostólica dos fiéis. No ato
humilde de reger, o bispo cultiva a solicitude para com suas ovelhas. Ensina-nos
o Concílio Vaticano II, a partir de Hb 5, 1-2, que o bispo é escolhido de entre
os homens e é sujeito a fraquezas, entretanto, não pode se recusar a ouvir suas
ovelhas, amando-as como verdadeiros filhos e exortando-as a colaborarem
prontamente consigo.
Nessa
pronta relação dialogal se dá a evangelização que visa a concretização do Reino
de Deus aqui e agora, do qual a Igreja é sacramento. Entre encontros e desencontros,
na comunhão dialogal crescemos e cresceremos em direção a Cristo, inclusive
criando condições ecumênicas entre as igrejas cristãs que, atuando conjuntamente,
transformarão a sociedade numa “civilização do amor”.