Desde o início do mês de maio ao início
deste mês de junho, a Diocese de Jales vivenciou um momento de profunda
formação acerca da Doutrina Social da Igreja. Essa, por sua vez, teve como
assessor o religioso Frei Flávio Guerra da Ordem dos Frades Menores da cidade
de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Mestre em Teologia Moral e pós-graduado em
evangelização, Frei Flávio percorreu todos os setores da nossa Igreja
particular de Jales visitando diversas Paróquias e seus respectivos trabalhos
sociais.
A temática principal da sua formação,
como já fora mencionado anteriormente, é a Doutrina Social da Igreja. Essa
expressão foi remontada pelo Papa Pio XI e faz menção ao corpus doutrinal que
se refere à sociedade desenvolvida na Igreja a partir da Encíclica Rerum
Novarum de Leão XIII em 1891. Seu objetivo principal é “o desenvolvimento do
homem todo e de todos os homens” (Cf. Paulo VI, Populorum Progressio).
Mas de qual desenvolvimento humano
falamos? Aqui se destaca o desenvolvimento social, ou seja, a formação humana
diante da realidade social em que este ou aquele homem vive. É perceptível,
sobretudo nos dias atuais, a capacidade humana que gera o individualismo onde
cada qual olha para si e somente para si. O próximo, como nos ensina Jesus
Cristo, que são os nossos irmãos e irmãs, ficam a margem. Situação atroz ocorre
com aqueles que demasiadamente vivem na pobreza e, consequentemente, sem
moradia, alimentação, emprego e testemunham o descaso da marginalização e até
mesmo ocultação do ambiente social.
É interessante perceber que são nessas
pessoas que a nossa ação social carregada da espiritualidade deve ser incisiva.
Afinal, conforme explicita os documentos e exortações conciliares: a opção da
Igreja é pelos pobres. E o dever de “cada
cristão e cada comunidade é ser instrumento de Deus para a libertação e
promoção dos pobres” (EG, 187).
O que é, então, ser pobre? Muito mais
que ter condições sociais precárias, o ser pobre é o homem despojado que vive
sua vida espiritual à luz da realidade social. Isso implica a ele assumir o
caráter de cuidado, zelo, amor, doação e manifestação da Pessoa de Jesus Cristo
aos irmãos e irmãs empobrecidos. Pois, “bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos Céus” (Mateus 5, 3).
Dentro da família, da igreja e da
sociedade a prática do cristão deve ser buscar a prática do bem comum. Este bem
refere-se, por exemplo, a serviços essenciais ao ser humano: acesso a
alimentação, habitação, trabalho, educação, cultura, transporte, saúde,
informação, liberdade. Implica também o empenho pela paz, a organização dos
poderes do Estado, um sólido ordenamento jurídico, a proteção do meio ambiente.
Enfim: a proteção da dignidade da pessoa humana, conforme explicitou Frei
Flávio durante as suas alocuções. O respeito à dignidade humana passa
necessariamente por considerar o próximo como outro eu, sem excetuar ninguém. A
vida do outro deve ser levada em consideração, assim como os meios necessários
para mantê-la dignamente.
Portanto, cabe-nos questionar: como
estou exercendo o meu ser cristão? Como tenho olhado para o irmão necessitado?
Quais ações tenho feito para fomentar a paz e a igualdade? E assim possamos
suplicar ao Senhor: “[...] Deus de amor,
mostrai-nos o nosso lugar neste mundo como instrumentos do vosso carinho por
todos os seres desta terra, porque nem um deles sequer é esquecido por Vós,
amém!” (Oração pela mãe Terra).