Por ocasião do Natal, é costume o Papa enviar uma mensagem
especial, endereçada a todo o mundo. Em vista da grande abrangência de
destinatários, leva o nome de Mensagem “Urbi et Orbi”. Vale dizer: “para a
cidade (Roma) e para o mundo”.
Os assuntos abordados nesta mensagem acabam compondo um panorama mundial
das tensões existentes hoje, e que mais merecem nossa atenção.
A primeira situação problemática lembrada pelo Papa se refere ao
interminável conflito entre Israel e Palestinos. Diz o Papa,
textualmente:
“Permita a Israelitas e Palestinenses retomar o diálogo e abrir um
caminho de paz que ponha fim a um conflito que, há mais de setenta anos,
dilacera a Terra escolhida pelo Senhor para nos mostrar o seu rosto de amor”
O fato de lembrar em primeiro lugar o conflito entre judeus e palestinos
mostra a gravidade, e a complexidade desta questão. É o conflito mais antigo
que persiste no mundo, anterior à criação do Estado de Israel em 1948, e traz
as marcas de persistentes tensões culturais, políticas e religiosas, que vêm de
séculos.
Para dar-nos conta da complexidade desta questão é preciso ter
sensibilidade política e conhecimento histórico.
Chama a atenção a superficialidade com que é tratada esta questão, por
parte da atual diplomacia brasileira, como se esta questão não tivesse
consistência política. Colocar em risco o equilibrado relacionamento
diplomático do Brasil com Israel e os Palestinos seria um lamentável equívoco.
A segunda apreensão do Papa é em referência à guerra na Síria: “O
Menino Jesus permita, à amada e atormentada Síria, reencontrar a fraternidade
depois destes longos anos de guerra. Que a Comunidade Internacional trabalhe
com decisão para uma solução política que anule as divisões e os interesses das
partes, de modo que o povo sírio, especialmente aqueles que tiveram de deixar
as suas terras e buscar refúgio noutro lugar, possa voltar a viver em paz na
sua pátria”.
A terceira situação lembrada é referente ao Iemen: “Penso
no Iémen com a esperança de que a trégua mediada pela Comunidade Internacional
possa, finalmente, levar alívio a tantas crianças e às populações exaustas pela
guerra e a carestia”.
Em seguida manifesta suas apreensões sobre o inteiro continente da Africa:
“Penso na África, onde há milhões de pessoas refugiadas ou deslocadas e
precisam de assistência humanitária e segurança alimentar”.
O Papa não esquece a Coréia: O Natal robusteça os
vínculos fraternos que unem a península coreana e consinta de prosseguir no
caminho de aproximação empreendido para se chegar a soluções compartilhadas que
a todos assegurem progresso e bem-estar.
Lembra em seguida a Venezuela, com sua complicada crise:
Este tempo de bênção permita à Venezuela reencontrar a concórdia e, a
todos os componentes da sociedade, trabalhar fraternalmente para o
desenvolvimento do país e prestar assistência aos setores mais vulneráveis da
população.
Menciona a situação da Ucrânia: “O Senhor recém-nascido
leve alívio à amada Ucrânia, ansiosa por reaver uma paz duradoura, que tarda a
chegar.
Cita a Nicarágua, desejando que não prevaleçam as
divisões e discórdias, mas todos trabalhem para favorecer a reconciliação e,
juntos, construir o futuro do país.
O Papa Francisco nos dá seu valioso testemunho, de ter uma visão do
mundo impregnada de apreensões, mas ao mesmo tempo de esperança que a mensagem
de Cristo seja um ponto de partida para a superação dos conflitos, e para a
consolidação da paz mundial.