“Felizes os que temem o Senhor e
trilham os seus caminhos” (Sl 127,1). Assim somos chamados a viver e
construir a vida da nossa família, sempre na obediência e respeito ao Senhor.
Sabemos o quanto é difícil hoje
conduzir a vida dos filhos, mostrar um caminho que possibilite a eles um
crescimento espiritual, psicológico e social. O mundo apresenta muitos caminhos
que dificultam o discernimento e a compreensão sobre qual caminho devemos
seguir, e muitas vezes os pais se veem perdidos no processo de educação dos
seus filhos.
Hoje vivemos uma mudança antropológica
e cultural muito rápida da sociedade que gera um individualismo muito forte nas
pessoas, que acaba desvirtuando os laços familiares, colocando cada membro da
família como uma ilha.
É preciso olharmos para as famílias
como ambientes que possam possibilitar a integração dos seus membros, lugar de
encontro e de partilha. Não podemos fazer da família apenas lugar de refúgioe
isolamento. É necessário olharmos para a família como ambiente sagrado, de
comunhão fraterna. A família deve ser uma verdadeira Igreja doméstica.
Na família somos chamados a construir
laços que nos possibilitam olhar a vida do outro como dom de Deus. É muito importante
que os pais saibam reconhecer que em seu lar existem diversos altares para
celebrar o encontro. Um altar esquecido hoje é a mesa da refeição, ambiente que
possibilita o diálogo, o encontro com a vida do outro, mas, pela mudança de
época e o avanço tecnológico, o estar perto, significa estar longe, cada um no
seu mundo virtual.
Diante desta realidade desafiadora, é
preciso olhar para a família como um ambiente sagrado, que possibilite ressoar
sempre o primeiro anúncio (Querigma). Os pais não podem esquecer da sua missão
e vocação: serem verdadeiros pastores do pequeno rebanho que lhes foram
confiados. Essa missão não pode ficar esquecida. É importante oferecer uma
formação social para os filhos? Sem dúvida que o é! Mas, essa formação dará
mais fruto se também vier agregada a formação religiosa, independente do credo
que se professe.
Os valores do Evangelho devem
possibilitar e iluminar a nossa formação de cidadãos, de filhos e filhas de
Deus. É na família que amadurece a primeira experiência de comunhão entre as
pessoas, é aqui que se deve viver o amor fraterno, o perdão generoso e a
oração. A família não deve ser lugar de discórdia e divisão. Se isto acontece é
por falta de vivência, e experiência do amor de Deus.
É na família que fazemos as nossas
primeiras experiências do encontro com o outro, é na família que aprendemos a
celebrar a nossa fé. É na família que aprendemos a sonhar: “Não é possível
uma família sem sonho. Em uma família, quando se perde a capacidade de sonhar,
os filhos não crescem, o amor não cresce; a vida debilita-se e apaga-se” (AmorisLaetitia
nº169).
Hoje é preciso olhar para a família
como um bem precioso, e mesmo diante das dificuldades: desemprego, pobreza,
violência, os pais não podem ser paralisados pelo medo, mas ser encorajados a
buscar sempre na fé caminhos que possibilitem oferecer aos seus filhos uma
realidade diferente para que possam ser pessoas melhores.
Por mais simples que seja a vida é preciso lembrar sempre que Deus não olha a posse e poder, mas sim o coração que o acolhe, os braços que o abraça no amor generoso. Por isso, a importância da família ser uma verdadeira Igreja Doméstica.